Da Redação

A decisão do governo dos Estados Unidos de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros repercutiu com força em Goiás, estado com forte presença no comércio internacional. Para o superintendente de Comércio Exterior e Atração de Investimentos Internacionais da SIC-GO, Plínio Viana, a medida pode comprometer seriamente a presença de produtos goianos no mercado norte-americano, encarecendo as exportações e reduzindo drasticamente a competitividade.

“Esse tipo de taxação inviabiliza o envio de vários produtos. Não se trata apenas de uma questão econômica — há um pano de fundo geopolítico e ideológico que também precisa ser considerado”, avaliou o superintendente, em entrevista ao Jornal Opção.

Com vasta experiência na área de comércio internacional, Viana ressalta que estados como Goiás, que têm se destacado cada vez mais na pauta exportadora brasileira, podem ser fortemente atingidos pela medida, já que ainda dependem de mercados estratégicos como os Estados Unidos para escoar sua produção e adquirir insumos essenciais.

Retaliação? “É preciso cautela”

Diante da repercussão nacional, algumas lideranças políticas brasileiras sugeriram medidas de retaliação. Mas, para Viana, responder na mesma moeda pode ser uma armadilha. “O Brasil importa muitos insumos industriais e agrícolas dos EUA, como máquinas pesadas e peças para o setor produtivo. Qualquer retaliação pode sair mais cara para nós mesmos”, alertou.

Ele defende que, diante de um cenário tão volátil, o Brasil precisa agir com inteligência diplomática, paciência estratégica e foco na construção de novos caminhos comerciais.

Reação estratégica: buscar outros mercados

A saída apontada por Viana é clara: diversificar destinos e parceiros comerciais. Segundo ele, Goiás já exporta majoritariamente para a China — algo entre 52% e 54% do total —, mas ainda há espaço para ampliar acordos com países da Ásia, América Latina, Oriente Médio e Europa.

“Dependência de poucos parceiros nos deixa vulneráveis. O mundo está em constante reconfiguração geopolítica, e o comércio internacional precisa acompanhar essas mudanças com agilidade e visão de futuro”, afirmou.

Medida pode provocar ruídos nos próprios EUA

Viana também acredita que a decisão de Trump pode causar tensão dentro do próprio mercado norte-americano. Ele menciona que grandes empresários — como Elon Musk, que lidera multinacionais com cadeias de produção globais — podem ser prejudicados pelas barreiras tarifárias, o que pode gerar atritos entre o governo e setores empresariais que até então foram aliados políticos.

“A taxação mexe nas engrenagens da economia global, e isso inevitavelmente impacta interesses internos dos próprios Estados Unidos”, concluiu.

Enquanto isso, Goiás observa com atenção os desdobramentos e começa a traçar novos caminhos para manter sua presença no comércio internacional em um cenário cada vez mais instável e competitivo.