Da Redação

Steve Bannon, ex-estrategista de Donald Trump e figura central da nova direita global, voltou a criticar duramente o Supremo Tribunal Federal do Brasil, com foco no ministro Alexandre de Moraes. Em entrevista ao portal UOL, Bannon revelou que Trump está “muito aborrecido” com os processos envolvendo Jair Bolsonaro e classificou o julgamento do ex-presidente brasileiro como uma tentativa política de tirá-lo da disputa eleitoral.

Segundo Bannon, Trump acompanha pessoalmente o caso e vê a situação como um ataque à democracia. Ele teria reservado parte de sua agenda para publicar em sua rede, a Truth Social, uma mensagem em defesa de Bolsonaro — que, segundo ele, foi a declaração “mais forte” de Trump desde o início da corrida para o segundo mandato. No texto, o ex-presidente americano acusa Moraes de tentar impedir Bolsonaro de disputar novas eleições e afirma que o julgamento tem motivação política.

Possíveis sanções no radar

Bannon afirmou que medidas contra Alexandre de Moraes devem ser anunciadas “em poucas semanas” — e que elas poderiam incluir sanções financeiras por parte dos Estados Unidos. Segundo ele, há discussões ativas no Executivo e no Congresso americano, com base na Lei Global Magnitsky, usada para punir autoridades estrangeiras envolvidas em violações de direitos humanos. As possíveis sanções poderiam incluir bloqueio de bens, restrições financeiras e até proibição de entrada nos EUA.

Questionado se falava em nome do ex-presidente americano, Bannon negou, mas garantiu que o tema foi tratado diretamente com Trump, durante um almoço, e também com o senador Marco Rubio, que em maio já havia indicado que medidas contra Moraes estavam sendo avaliadas no Senado norte-americano.

Eduardo Bolsonaro como aposta da nova direita

Aliado próximo da família Bolsonaro, Bannon demonstrou apoio irrestrito à candidatura de Eduardo Bolsonaro, afirmando que o deputado federal licenciado é uma peça-chave para o fortalecimento do conservadorismo no Brasil. Ele reconhece, porém, que Eduardo ainda aparece atrás de Tarcísio de Freitas e do próprio Jair Bolsonaro nas pesquisas.

Nos bastidores, bolsonaristas nos EUA — como Eduardo e o comentarista Paulo Figueiredo — têm feito articulações para pressionar o governo americano a sancionar Moraes. Acreditam que uma medida desse tipo teria forte impacto simbólico e eleitoral, podendo fortalecer a candidatura de Eduardo em 2026, caso Bolsonaro permaneça inelegível.

Críticas a Lula e defesa do voto popular

Durante a entrevista, Bannon também fez comparações entre Lula e Joe Biden, dizendo que o presidente brasileiro “não está em sua melhor forma” e citando sua idade — Lula terá 80 anos nas próximas eleições. Para Bannon, manter Bolsonaro fora da disputa é uma estratégia da esquerda, ainda que ele admita que as decisões sejam tomadas por um tribunal independente.

“Trump acredita que disputas políticas devem ser resolvidas nas urnas, não nos tribunais”, declarou. Ele encerrou a entrevista dizendo que Moraes “não ficará impune” e que o Brasil segue sendo um país estratégico para a direita internacional.

Apesar da tensão diplomática que essas declarações podem causar, Bannon rejeita a ideia de que sanções seriam um ataque à soberania brasileira. “Amamos o Brasil e queremos ajudar”, disse, mesmo admitindo que o cenário geopolítico global — com guerras e crises — faz com que o país não seja, neste momento, a principal prioridade na agenda americana.