SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A cidade de São Paulo teve a pior sequência de ataques a ônibus da atual onda de vandalismo. De acordo com a Secretaria Municipal de Mobilidade e Urbana Transporte e a SPTrans, estatal que gerencia o transporte público municipal, 59 veículos foram depredados desde a manhã de segunda-feira (7) e até a madrugada desta terça (8).

Ao todo, segundo a prefeitura, as empresas operadoras relataram que 328 ônibus do sistema municipal foram depredados desde o início dos ataques, em 12 de junho. Além da capital paulista, as ações também ocorrem em municípios do ABC Paulista e da Baixada Santista.

“Os atos aconteceram de forma distribuída por todas as regiões da cidade”, diz a secretaria municipal.

Na manhã da última quinta-feira (3), a Polícia Militar anunciou a implantação de uma operação para proteger os veículos. Ela será realizada até o próximo dia 31 em áreas com mais incidências de vandalismo no estado. Ao todo estão sendo mobilizados 3.641 viaturas e 7.890 PMs.

Questionada sobre sobre o crescimento nos ataques a coletivos do transporte público, a SSP (Secretaria da Segurança Pública) disse que investiga as ações. “As forças de segurança seguem mobilizadas para coibir e investigar os ataques a ônibus na capital paulista e na região metropolitana. A Polícia Militar deflagrou a Operação Impacto – Proteção a Coletivos, que mobiliza cerca de 7,8 mil policiais e 3,6 mil viaturas em todo o estado, com o objetivo de garantir a segurança de passageiros e funcionários do transporte público”, diz a nota.

“Paralelamente, a Polícia Civil atua por meio do Deic na identificação dos envolvidos nos crimes. O departamento contabiliza cerca de 200 ocorrências registradas Além disso, é realizado o monitoramento de plataformas digitais, já que há suspeitas de que os ataques estejam sendo articulados pela internet. As apurações contam com o apoio da Divisão de Crimes Cibernéticos (DCCIBER).”

Até segunda-feira, quatro pessoas haviam sido detidas por suspeita de depredarem ônibus na Grande São Paulo.

A primeira detenção foi de um adolescente em Cotia, na região metropolitana. No sábado (5), dois homens haviam sido presos em flagrante após danificarem coletivos em Pirituba e Santo Amaro, nas zonas oeste e sul, respectivamente -uma passageira ficou ferida e foi levada para o Hospital Taipas. Seu quadro de saúde não foi informado.

Entre os presos está um homem suspeito de ser o responsável por atirar uma pedra em um ônibus e ferir uma passageira no último dia 27, na avenida Washington Luiz, zona sul de São Paulo. Ele foi detido na noite de domingo (6).

A mulher de 31 anos ficou ferida por estilhaços do vidro quebrado pela pedrada. Segundo a polícia, à vítima teve fraturas em vários ossos da face.

Na segunda-feira (7), o Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais) divulgou um vídeo gravado por uma câmera de rua que mostra o ataque. Conforme a imagem, alguns segundos antes de o ônibus passar pela avenida Washington Luiz, um Palio vermelho estaciona na esquina com o pisca-alerta ligado.

Em seguida, um homem sai do interior do veículo e aguarda o coletivo na avenida. Ele atira uma pedra em direção ao ônibus, volta para o Palio e foge. Uma mulher que caminhava para a Washington Luiz presenciou o vandalismo.

Outra câmera registrou o Palio no trânsito, onde é possível ver a placa traseira.

De acordo com a Polícia Civil, 60% dos ataques estão concentrados na zona sul, com destaque para as avenidas Cupecê, Washington Luís e Vereador João de Luca.

Em entrevista coletiva na semana passada, o delegado Ronaldo Sayeg, diretor do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais), afirmou que, por ora, a Polícia Civil descarta a participação do crime organizado nas ações.

As ações criminosas, conforme a Polícia Civil, são coordenadas e, geralmente, acontecem a partir das 22h.

Os investigadores apuram se os atos surgem a partir de desafios marcados pela internet, mas ainda não encontraram evidências disso no monitoramento de plataformas digitais e redes sociais.

“A Secretaria Municipal de Mobilidade e Urbana Transporte e a SPTrans reiteram o repúdio aos atos de vandalismo registrados no sistema de transporte e seguem fornecendo todas as informações necessárias para auxiliar nas investigações”, diz a prefeitura, em nota.