SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O primeiro dos 22 trens da futura linha 6-laranja do metrô de São Paulo foi entregue na madrugada desta terça-feira (8).
Fabricados pela multinacional Alstom, em Taubaté (SP), os seis carros da composição chegaram em carretas no pátio Morro Grande, início da linha na zona norte, onde está sendo montada a estrutura de manutenção e operação.
Imagens gravadas por celular e que circulam em redes sociais mostram um dos vagões cobertos com uma lona laranja, com logotipos da linha, da Artesp (Agência de Transporte do Estado de São Paulo) e do governo paulista.
A chegada da primeira composição, que tem capacidade para 2.044 passageiros, foi confirmada pela concessionária Linha Uni, que vai operar o ramal metroviário.
“A chegada de todos os 22 trens está programada para os próximos meses, conforme cronograma planejado”, diz trecho de nota.
Segundo a Artesp, a apresentação oficial da composição deverá ser feita em breve.
Como mostrou a Folha de S.Paulo, os testes com o primeiro trem devem começar ainda em julho no local. A expectativa é que ainda neste ano ele esteja rodando em velocidade máxima (90 km/h) nos túneis.
Com 15 estações, construídas simultaneamente entre a Brasilândia, na zona norte, e a Liberdade, na região central paulistana, parte da linha deverá começar a operar no próximo ano.
O trecho entre Brasilândia e Perdizes, na zona oeste, tem previsão de entrega para o segundo semestre de 2026. O traçado entre Perdizes e São Joaquim deve entrar em operação em 2027, de acordo com o governo estadual -a exceção é a estação 14-Bis Saracura, na Bela Vista (centro), que só deve sair em 2029 por causa de um impasse no resgate de material arqueológico.
No pátio Morro Grande, que conta com 30 blocos distribuídos em cerca de 210 mil m² de área, já está implantada a malha de distribuição de potência em média tensão, segundo Lúcio Matteucci, da empreiteira Acciona, diretor do projeto linha 6.
“A fase de eletrificação consiste na instalação e comissionamento de todo o sistema de energia de tração para os testes dinâmicos dos trens”, diz o executivo.
Os testes estão divididos em três etapas, a serem concluídas ainda em 2025. Os primeiros seriam os estáticos, para checar o funcionamento dos sistemas na própria fábrica no interior do estado.
No pátio da zona norte, a composição ficará no enorme prédio de manutenção e operação, em fase final de acabamento, equipado com trilhos, estrutura com valas e ponte rolante -até oito trens poderão ser revisados simultaneamente.
Na segunda etapa, ela vai rodar a uma velocidade de até 30 km/h dentro da própria malha do Morro Grande -chamada de praia de vias, a estrutura do pátio conta com oito quilômetros divididos em 27 trilhos que serão conectados aos túneis que dão início (e terminam) à linha do metrô.
Esses trilhos já contam com estrutura de alimentação aérea de energia.
Na terceira fase serão os testes de performance dentro do túnel, quando os trens deverão atingir sua velocidade máxima, de 90 km/h.
Quando concluída, a linha 6-laranja deverá transportar 630 mil pessoas ao dia. O tempo estimado para cumprir todo o percurso é de 23 minutos.
Prometida inicialmente para começar em 2010, a linha 6 sofreu uma série de adiamentos nas obras, com início efetivo só em 2015 e previsão de entrega em cinco anos. A construção acabou paralisada em 2016, sendo retomada em 2020 com a atual concessionária.
Houve ainda a interrupção inesperada de sete meses em parte dos trabalhos, quando o asfalto cedeu na marginal Tietê, em fevereiro de 2022, por causa do rompimento de uma tubulação de esgoto.
Por meio de uma PPP (parceria público-privada), a construção simultânea da linha 6 é considerada a maior obra de infraestrutura da América Latina. Após ser finalizada, ela será operada pela concessionária Linha Uni por 19 anos.
Em fevereiro passado, a gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) autorizou a concessionária a desenvolver um estudo para ampliação da linha.
Caso o projeto seja aprovado, o ramal contará com mais sete quilômetros. Segundo a Secretaria de Parcerias em Investimentos, a extensão será executada em dois trechos: um rumo à região central da capital, com as novas estações Aclimação, Cambuci, Vila Monumento e São Carlos/Parque da Mooca, já no início da zona leste; e outro na direção da zona norte, que contará com as paradas Morro Grande e Velha Campinas.