Da Redação
O que hoje parece apenas mais um bairro movimentado da capital, já foi o ponto de partida de toda a ocupação urbana da região. O Setor Campinas, localizado na porção oeste de Goiânia, completa 215 anos nesta terça-feira (8), carregando nas ruas e construções um passado que antecede até a fundação de Goiânia e Aparecida de Goiânia em mais de um século.
De acordo com uma pesquisa da pós-graduanda em Artes Visuais Daniela Godinho, a história do local remonta a 1810, quando Joaquim Gomes da Silva Geraes, fazendeiro vindo de Pirenópolis (então chamada Meia Ponte), migrou com sua família em busca de ouro às margens do rio Anicuns. Foi nesse ponto que nasceu o primeiro núcleo populacional da região.
Poucos anos depois, em 1813, Geraes doou parte de suas terras à Igreja Católica, onde foi erguida a Igreja de Nossa Senhora da Conceição, símbolo que ainda permanece de pé e é uma das mais antigas da capital goiana. A construção do templo consolidou o povoado como destino para famílias vindas de Minas Gerais e São Paulo, que se lançavam ao interior do Brasil Central atrás de riquezas naturais.
Segundo registros do pesquisador e escritor Antônio Moreira, autor do livro “Campinas 1810: nasce no cerrado a mãe de Goiânia”, o então vilarejo chamado Campininha das Flores, em referência à exuberância de sua vegetação, já contava, em 1824, com 11 casas, 3 engenhos, 34 roças e uma fazenda de gado. Com o tempo, tornou-se uma importante rota de passagem para tropeiros e comerciantes nas antigas estradas do interior do país.
O elo entre o velho e o novo Goiás
A transição para a modernidade ganhou força cem anos depois, com a decisão do interventor Pedro Ludovico Teixeira de transferir a capital do estado da antiga Cidade de Goiás para uma área central. O local escolhido foi justamente o entorno do Arraial de Campinas, que serviu como sede provisória do governo estadual enquanto Goiânia ainda saía do papel. O novo centro administrativo nasceu ali, ao lado de uma comunidade que já existia havia mais de um século.
A Praça Pedro Ludovico, no centro da atual capital, foi um dos primeiros marcos dessa nova etapa. Mas antes da urbanização acelerada, foi Campinas quem deu sustentação e estrutura para o início da Goiânia que conhecemos hoje.
Comemoração com resgate cultural e obras públicas
Para celebrar o legado histórico do bairro, a Prefeitura de Goiânia preparou uma programação especial com apresentações culturais, esportes e música. O prefeito Sandro Mabel (UB) deve participar de um ato simbólico, “entregando” a sede do município à comunidade de Campinas, como forma de reconhecer a importância do local para a origem da cidade. No evento, será anunciado também um pacote de obras que prevê melhorias na região.
Hoje, cercado por avenidas e concreto, o antigo arraial segue firme como um dos territórios mais antigos e emblemáticos da Região Metropolitana. Campinas resiste — e celebra — como a verdadeira raiz de Goiânia.