SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A câmera de segurança de um imóvel gravou parte da ação na qual um policial militar de folga matou o marceneiro Guilherme Dias Santos Ferreira, 26, na noite de sexta-feira (4). O caso aconteceu na estrada Ecoturística de Parelheiros, no bairro de mesmo nome, localizado no extremo sul de São Paulo.

As imagens mostram Ferreira no local onde foi morto, mas não o momento no qual ele foi baleado de costas pelo cabo Fabio Anderson Pereira de Almeida, 35.

Segundo a SSP (Secretaria de Segurança Pública), o policial teria confundido Guilherme, um homem negro que trabalhava em uma fábrica de camas, com um assaltante. A vítima havia acabado de sair do trabalho e estava a caminho de um ponto de ônibus. Ele carregava carteira, celular, um livro e uma marmita.

No começo do vídeo é possível ver motoqueiros passando. Na sequência, uma moto com duas pessoas para, e em seguida Almeida atira várias vezes na direção deles. De acordo com o boletim de ocorrência do caso, a dupla tinha tentado assaltar o cabo, que reagiu.

Os homens então deixam a moto caída no chão e correm dos tiros, mostra o vídeo. Com isso, eles saem da imagem. Nenhum deles foi atingido.

Um grupo de curiosos passa então a se aglomerar no entorno.

Minutos depois, Guilherme e outros homens surgem na imagem. Eles atravessam a rua correndo assim que notam um ônibus chegando no ponto. O grupo de curiosos segue na calçada do outro lado da rua, onde também está Almeida.

É possível notar quando o cabo vê os homens correndo e vai em direção a eles. Em seguida, eles saem da imagem, mas é possível ouvir um estampido similar a um tiro.

A dinâmica é semelhante a versão contada pelo cabo aos policiais militares que atenderam a ocorrência, de que ele atirou em dois momentos distintos.

Pouco antes de matar Guilherme, o PM voltava para casa em sua moto, segundo o registro da ocorrência, quando foi cercado por criminosos armados em outras cinco motos que tentaram roubar seu veículo. Ele reagiu e atirou contra os suspeitos, que fugiram, abandonando uma das motos.

Almeida afirmou que continuou no local, e logo depois viu indivíduos a pé passando pela via. Ele disse que achou que eram os suspeitos que tinham retornado para pegar a motocicleta -na verdade, eram Guilherme e outras pessoas que estavam correndo para pegar um ônibus.

Com isso, o cabo atirou na direção dos homens e matou o marceneiro, que nada tinha a ver com a tentativa de assalto. Uma mulher que estava no ponto de ônibus também foi atingida por um tiro.

No local, um colega de trabalho se apresentou aos policiais civis e afirmou que Guilherme havia acabado de sair do trabalho em uma rua próxima. Um funcionário disse ter os registros que atestam que a vítima registrou o ponto de saída às 22h28, além de mostrar fotos e vídeos no celular que mostram a saída do rapaz da empresa naquela noite.

O cabo preferiu se manter calado em depoimento na delegacia. A reportagem procurou a defesa do PM, que afirmou que ainda não vai se manifestar.

Almeida trabalha na 2ª companhia do 12° Batalhão de Polícia Militar Metropolitano, com sede na Vila Mariana. De acordo com a gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos), o PM foi afastado das ruas.

Ele foi autuado por homicídio culposo, pagou fiança de R$ 6.500 e responderá em liberdade.