SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou nesta segunda-feira (7) impor tarifas entre 25% e 40% sobre importações de 14 países, incluindo Japão, Coreia do Sul, Tailândia e Bangladesh, a primeira rodada de novas taxas enquanto o governo americano tenta chegar a acordos comerciais.

Em uma série de cartas publicadas no Truth Social, Trump disse que os EUA concordaram em continuar trabalhando com cada país apesar dos grandes déficits comerciais, e anunciou taxas maiores a partir de 1º de agosto.

“Nossa relação está longe de ser recíproca”, escreveu, acrescentando que as tarifas propostas são apenas um ponto de partida. O presidente também ameaçou responder eventuais retaliações dos países afetados com novas altas da mesma magnitude imposta por eles.

As novas tarifas divulgadas nesta segunda são semelhantes às taxas do chamado Dia da Libertação que Trump anunciou em abril, e começariam em 25% para Japão, Coreia do Sul, Malásia, Cazaquistão e Tunísia, e chegariam a até 40% para Mianmar e Laos. Enquanto isso, África do Sul, Bósnia, Indonésia, Bangladesh, Sérvia, Tailândia e Camboja enfrentariam tarifas entre 30% e 36%.

“Se você deseja abrir seus mercados comerciais até agora fechados para os Estados Unidos, e eliminar suas políticas tarifárias e não tarifárias e barreiras comerciais, nós, talvez, consideraremos um ajuste a esta carta”, escreveu Trump.

A pausa de 90 dias nas tarifas que Trump implementou em abril sobre dezenas de países estava prevista para terminar nesta quarta, mas na noite desta segunda o presidente assinou um decreto adiando o prazo para o dia 1º de agosto.

As tarifas mais altas entrarão em vigor na mesma data e não serão combinadas com as tarifas setoriais anunciadas anteriormente, como as de automóveis, aço e alumínio.

Isso significa, por exemplo, que as tarifas sobre veículos japoneses permanecerão em 25%, em vez de a tarifa setorial existente de 25% subir para 50% com a nova taxa recíproca, como ocorreu com algumas das tarifas de Trump.

Economistas, empresários e autoridades estrangeiras tentavam interpretar a avalanche de novas propostas tarifárias nesta segunda. Não estava claro, disseram eles, se o governo estava falando sério em seus planos ou apenas esperando reiniciar conversas estagnadas, embora ambos os cenários tenham adicionado à crescente incerteza econômica.

Em 2 de abril, Trump anunciou tarifas contra inúmeros países no que chamou de “Dia da Libertação”, mas uma semana depois ele suspendeu a medida contra a maioria dos países, mantendo uma taxa de 10%. A exceção foi a China, de quem os EUA chegaram a aumentar a tarifa até 154%, mas posteriormente os dois países diminuíram o imposto.

Nas cartas endereçadas a Shigeru Ishiba, primeiro-ministro do Japão, e Lee Jae-Myung, presidente da Coreia do Sul, Trump afirmou que se qualquer um dos países aumentasse suas tarifas em retaliação, o percentual anunciado será somado aos 25%.

A medida repete o que os EUA fizeram com a China em abril, mas os dois países tiveram de recuar e chegaram a um acordo em 27 de junho.

Após o anúncio, a Bolsa S&P 500, em Nova York, deixou de operar em alta e fechou com queda de 0,8%. No Brasil, o dólar fechou com uma forte alta de 1%, cotado a R$ 5,478, após Trump ameaçar a aplicação de uma tarifa adicional de 10% a países que se alinharem ao Brics. A Bolsa encerrou com uma desvalorização de 1,25%, a 139.489 pontos, após renovar máximas históricas na última sexta-feira (4).

Apesar de o governo Trump insistir que está perto de chegar aos acordos, eles não têm se materializado. Na semana passada, o presidente dos EUA disse nas redes sociais que havia chegado a um acordo comercial com o Vietnã, incluindo uma tarifa de 20% sobre as importações do país, embora os detalhes ainda permaneçam confusos.

Leavitt, em conversa com jornalistas na Casa Branca nesta segunda, disse que as tarifas do presidente visam corrigir desequilíbrios comerciais que reduziram a manufatura dos EUA.

“Ele está literalmente olhando para o mapa e observando cada país do planeta e vendo onde eles estão enganando o povo americano, vendo onde eles esvaziaram nossa base industrial, vendo onde nossos empregos foram para outros países no exterior por causa de suas políticas tarifárias, e ele está tentando corrigir isso”, disse Leavitt.

O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, disse no domingo que as tarifas sobre importações de alguns países vão “voltar como um bumerangue” aos níveis elevados de abril, a menos que rapidamente ofereçam concessões e fechem acordos com Washington.

Falando à CNN, ele disse que Trump informaria aos países que não conseguissem chegar a acordos com os EUA que tarifas mais altas sobre suas importações entrariam em vigor no próximo mês. “Não vou revelar a estratégia. Vamos estar muito ocupados nas próximas 72 horas”, afirmou o secretário.