BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) – A associação Avós da Praça de Maio anunciou nesta segunda-feira (7), em suas redes sociais, que encontrou o neto número 140. O grupo usou o lema “a identidade sempre floresce”.
Filho de Graciela Alicia Romero e Raúl Eugenio Metz, o neto encontrado foi sequestrado em dezembro de 1976 em Cutral-Có (província de Neuquén) e é irmão de Adriana Metz, que “sempre o procurou”, de acordo com Estela de Carlotto, presidente da organização.
“Vamos lutar para que a verdade não se apague. Bem-vindo, neto 140”, disse Carlotto, emocionada.
A associação de direitos humanos informou que Graciela deu à luz em 17 de abril de 1977, no centro clandestino de detenção conhecido como La Escuelita, em Bahía Blanca.
Elisa Kaiser, mãe de Raúl Metz, criou Adriana após o desaparecimento dos pais. Ela nunca parou de procurar o neto, mas morreu em 1992 sem conhecê-lo.
Adriana cresceu em Bahía Blanca com os avós e, em 2012, começou a trabalhar no escritório da associação em Mar del Plata. A irmã contou que a organização entrou em contato com o homem dizendo que ele poderia ser o neto desaparecido e pedindo que fizesse um exame de DNA.
“Com o tempo, ele nos contou um pouco mais sobre a sua infância e procurou as informações que estavam disponíveis sobre a família”, disse ela, sem dar detalhes sobre a família adotiva do irmão.
Segundo Adriana, o irmão vive em Buenos Aires e foi criado como filho único. “Disse a ele que não estava mais sozinho, que a sua irmã estava aqui”, afirmou.
A organização também lembrou que, em janeiro, foi encontrada a neta número 139, filha de Noemí Beatriz Macedo e Daniel Alfredo Inama, que desapareceram em 1977.
A presidente das Avós, Estela de Carlotto, destacou a luta coletiva da associação e a importância das políticas de Estado para combater crimes contra a humanidade, caso da apropriação de netos.
Além disso, mencionou o retorno do neto 138, filho de militantes desaparecidos em 1976, e ressaltou a contribuição do Banco Nacional de Dados Genéticos na busca por identidades.
Nos últimos meses, as Avós da Praça de Maio conseguiram um aliado, com a estreia da série “O Eternauta”, na Netflix, baseada em uma história em quadrinhos. A história foi escrita por Héctor Oesterheld.
O programa aqueceu o interesse pela vida do autor e levou a uma nova busca pelos netos de Oesterheld, que teve suas quatro filhas sequestradas durante a última ditadura argentina, de 1976 a 1983. Duas delas estavam grávidas.
As consultas de pessoas que questionam suas identidades aumentaram seis vezes desde a estreia da série, segundo a organização.
Ainda de acordo com o grupo, a descoberta de mais um desaparecido é um impulso para continuar na luta pelos direitos humanos e pela verdade, reafirmando a relevância de suas políticas nos dias atuais.