SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente Lula (PT) criticou nesta segunda-feira (7) a declaração de Donald Trump a favor de Jair Bolsonaro (PL). O petista reagiu à declaração do presidente dos EUA de que Bolsonaro seria perseguido político e afirmou não aceitar interferências na política interna do Brasil.

Bolsonaro é réu no STF (Supremo Tribunal Federal) sob a acusação de ter liderado uma trama golpista no fim de 2022 com o objetivo de evitar a posse do presidente Lula. Ele já é inelegível até 2030 por abuso de poder e tem histórico de saudosismo à ditadura militar e ataques à democracia durante o seu mandato.

Apesar da crítica de Lula a Trump, o petista já falou sobre a política interna de outros países. Casos mais recentes foram o apoio ao adversário de Trump, Joe Biden, nas últimas eleições dos EUA.

Veja momentos em que o presidente Lula falou sobre assuntos internos de outros países.

DISSE QUE ESPERAVA A VITÓRIA DE BIDEN

Em fevereiro de 2024, o presidente Lula afirmou esperar que o então presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, fosse reeleito. Biden era concorrente de Donald Trump, político que a família Bolsonaro costuma citar como referência.

“Eu espero que o Biden ganhe as eleições. Eu espero que o povo possa votar em alguém que tenha mais afinidade. Eu tenho visto o Biden em porta de fábrica. O discurso do Biden desde o começo até agora é em defesa do mundo do trabalho”, afirmou Lula na época.

Trump tem se aliado politicamente à família Bolsonaro. Atualmente, Eduardo Bolsonaro, um dos filhos do ex-presidente, está licenciado do mandato de deputado federal para planejar nos Estados Unidos uma ofensiva ao ministro Alexandre de Moraes, relator no processo que investiga a trama golpista de 2022 no STF.

DEFESA DA VENEZUELA

Lula já fez uma série de declarações a favor dos processos eleitorais na Venezuela, vistos com desconfiança por observadores internacionais.

Em 2023, o petista declarou que havia uma “narrativa da antidemocracia, do autoritarismo” por parte dos opositores de Nicolás Maduro, que governa o país, e que cabia ao regime “mostrar a sua narrativa”. Também afirmou, em outra ocasião na qual foi questionado sobre Caracas, que o conceito de democracia era relativo.

Em outra manifestação, agora em 2024, Lula disse que foi “impedido de concorrer nas eleições de 2018 e, em vez de ficar chorando, eu indiquei um outro candidato que disputou as eleições”, ao falar sobre a oposição do governo venezuelano.

Nicolás Maduro assumiu a Presidência na Venezuela em 2013, após a morte de Hugo Chávez, de quem era vice. Desde então tem sido reeleito em votações vistas com desconfiança pela comunidade internacional e tem endurecido o controle estatal e a repressão contra opositores.

RELAÇÃO COM A ARGENTINA

Lula não chegou a fazer uma menção direta, mas o PT e integrantes do governo apoiaram o peronista Sergio Massa na última eleição presidencial da Argentina. Na época do pleito, a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, apoiou implicitamente o candidato peronista.

Ela publicou, em novembro de 2023, uma imagem nas redes sociais em que as personagens Mônica e Mafalda – criadas, respectivamente, pelo brasileiro Maurício de Sousa e pelo cartunista argentino Quino- estão abraçadas. No quadrinho, a protagonista da Turma da Mônica trazia uma mensagem de consolo e esperança.

Na legenda que acompanhava o quadrinho, Janja escreveu “que Massa esse abraço!”

Já um grupo de publicitários ligados ao PT também usou, naquele ano, da experiência com a vitória de Lula nas eleições de 2022 para reforçar a equipe de campanha de Massa contra Javier Milei, atual presidente do país.

O episódio mais recente com a Argentina foi em julho deste ano, quando Lula visitou sua aliada Cristina Kirchner, que cumpre prisão domiciliar em apartamento localizado no bairro de Constitución, em Buenos Aires, e posou para foto segurando um cartaz em que pede liberdade para a ex-presidente da Argentina.