SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Nesta segunda-feira (7), Michelle Batista volta ao horário nobre da Record na série bíblica “Paulo, o Apóstolo”. Na trama, que também vai ao ar no serviço de streaming da Disney, ela dá vida a Rode, irmã do protagonista Paulo (Murilo Cezar).
Rode é uma figura controversa, com atitudes questionáveis e um pano de fundo peculiar para uma trama bíblica: após ser abandonada pelo marido, ela passa a se relacionar com vários homens, rejeita os próprios filhos e chega a fazer um aborto.
Para a atriz, a personagem traz à tona uma reflexão atual: a recusa à maternidade compulsória. “O grande arco narrativo da Rode gira em torno da maternidade e do abandono materno. Ela abandona os filhos e aborta uma criança. Se hoje já é difícil fazer essa escolha, imagina na época?”, diz ela à reportagem.
“É delicado tocar nesse assunto do abandono. É algo que costumamos ver muito mais, tanto na vida quanto na dramaturgia, em papéis masculinos. A sociedade normaliza um homem que abandona um filho, mas quando a mulher faz isso, é um choque cultural”, completa.
A atriz, no entanto, procura enxergar a personagem com olhos humanos. Rode é uma mulher traumatizada, que tenta lidar com seus buracos emocionais. Tem mil amores e está sempre apaixonada, na tentativa de preencher seus vazios.
“É uma mulher que talvez não desejasse ser mãe naquele momento”, analisa. “Mas quem teria ouvidos naquela época para uma mulher que acabou de ser mãe e está se sentindo perdida? É uma personagem muito humana e muito realista”, comenta Michelle.
Aos 39 anos, a atriz não tem filhos e diz não se pressionar para fazer essa escolha no momento. Hoje, porém, a discussão está mais palpável. “É muito importante conseguirmos trazer para uma novela de época um debate tão atual”, afirma.
“As mulheres sempre são julgadas, ainda mais ela tendo atitudes não convencionais e não esperadas pela sociedade. Mas eu espero que eu tenha conseguido defendê-la com humanidade.”
GÊMEAS
Gêmea idêntica da também atriz Giselle Batista, Michelle conta que, após passarem a infância e a adolescência fazendo trabalhos juntas, elas tiveram um rompimento profissional e partiram em busca de construir suas próprias identidades e carreiras.
Passaram um tempo recusando papéis de gêmeas e seguiram cada uma sua trilha. Neste ano, porém, aceitaram um convite especial da TV Cultura para estar juntas em cena. Elas participam de um episódio no remake de “Mundo da Lua”, que vai ao ar em julho.
Semanalmente, as atrizes se encontram para gravar seu podcast, o GiMi, no YouTube.
NOVELA ÉPICA
Michelle, que fez “Os Milagres de Jesus”, “O Rico e Lázaro” e “Gênesis”, confessa que estava com saudades de estar no set de uma produção bíblica. “Sempre brinco que essas tramas nunca têm uma cena básica, tipo ‘briguei com meu namorado’. É tudo muito grandioso, alguém morrendo, sendo decapitado”, diz, aos risos.
“São histórias difíceis de serem contadas e, por isso, é tão interessante quando a trama consegue deixar margem para fazer conexões com o que a gente vive hoje”, avalia.
Criada em família católica, ela acredita que as séries bíblicas trazem reflexões universais acerca do amor. “Estamos em um momento de guerras, de tensão mundial. Essa história chega em um bom momento, serve para todo mundo”, afirma.
“Paulo, o Apóstolo” vai ao ar a partir desta segunda-feira (7), às 21h, na Record e no Disney+.