Da Redação

O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a causar polêmica ao comentar a situação judicial de Jair Bolsonaro, ex-presidente do Brasil, atualmente réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado. Em uma publicação feita nesta segunda-feira (7) na Truth Social, Trump classificou o processo contra o aliado político como “perseguição” e afirmou que o Brasil está cometendo um “erro grave” ao investigar o ex-chefe do Executivo.

Segundo Trump, Bolsonaro está sendo injustamente tratado: “Estão atrás dele todos os dias, sem descanso. Ele não fez nada além de lutar pelo seu povo. Eu o conheci bem, é um patriota, forte, duro nas negociações e amava o Brasil. Agora estão tentando destruí-lo”, escreveu. Ele ainda comparou a situação com as acusações que enfrenta nos EUA: “Isso é um ataque político, como aconteceu comigo — e pior!”

A fala ocorre em um momento em que apoiadores de Bolsonaro nos Estados Unidos pressionam o governo norte-americano a tomar medidas contra o ministro Alexandre de Moraes, relator do processo contra o ex-presidente. Entre os articuladores desse movimento está Eduardo Bolsonaro, filho de Jair, que vive nos EUA e vem buscando apoio entre figuras ligadas ao Partido Republicano. O deputado americano Chris Smith chegou a enviar uma carta à Casa Branca pedindo sanções a Moraes, alegando violações de direitos humanos.

Em resposta à postagem de Trump, a ministra das Relações Institucionais do Brasil, Gleisi Hoffmann, criticou duramente a tentativa de interferência externa: “Trump não tem autoridade para interferir na Justiça brasileira. Bolsonaro responde por crimes reais, contra a democracia. O Brasil de hoje é soberano e cumpre sua Constituição — coisa que Bolsonaro tentou rasgar.”

As reações nos dois países evidenciam o clima de tensão internacional gerado pelo processo contra Bolsonaro, que já foi declarado inelegível até 2030 e pode enfrentar mais de 40 anos de prisão caso seja condenado por crimes como tentativa de golpe de Estado e destruição do patrimônio público.

O histórico do ex-presidente inclui declarações contra o sistema eleitoral, estímulo aos acampamentos antidemocráticos que culminaram nos ataques de 8 de janeiro, além de reuniões com militares para discutir a anulação das eleições de 2022. A defesa de Trump reforça o discurso de vitimização que Bolsonaro e seus aliados tentam manter — dentro e fora do Brasil — diante das investigações e julgamentos em andamento.