Da Redação
A 17ª Cúpula do BRICS, encerrada neste domingo (6), no Rio de Janeiro, foi marcada por um forte apelo à paz e ao diálogo internacional. Na Declaração do Rio de Janeiro, os líderes das 11 nações do bloco pediram mais empenho da comunidade global para conter conflitos armados e combater as causas estruturais da instabilidade.
O documento aborda de forma abrangente os principais focos de tensão no mundo, incluindo Ucrânia, Líbano, Sudão, Síria, Irã, Palestina e o Norte da África, e enfatiza que a saída para essas crises deve passar por meios político-diplomáticos, com foco na prevenção e mediação.
Ucrânia: condenações duplas e apelo ao diálogo
Apesar da presença da Rússia no bloco, o documento adota tom equilibrado: reafirma as posições individuais de cada país sobre a guerra na Ucrânia, mas apoia iniciativas internacionais de mediação, como a Iniciativa Africana de Paz. O grupo também pede um cessar-fogo e uma solução negociada.
Ao mesmo tempo, os BRICS condenaram com veemência ataques ucranianos contra infraestrutura civil em território russo, ocorridos no final de maio e início de junho. O texto destaca que as ações resultaram na morte de civis, incluindo crianças.
Durante a abertura da cúpula, o presidente Lula reforçou a posição brasileira contra a invasão da Ucrânia e defendeu urgência no diálogo entre as partes envolvidas.
Crescimento militar preocupa bloco
Os líderes também demonstraram preocupação com o aumento dos orçamentos militares em detrimento do desenvolvimento social, especialmente em países do Sul Global. O recado foi indireto à OTAN, que recomendou que seus membros elevem os gastos com defesa para até 5% do PIB — movimento rejeitado por poucos, como a Espanha.
Oriente Médio: críticas a Israel e apoio ao fim da ocupação
A declaração faz duras críticas à ocupação israelense em territórios sírios e libaneses, cobrando a retirada imediata das tropas. O bloco também lamentou os recentes ataques na Síria que afetaram minorias étnicas e locais religiosos.
Sobre o Líbano, os BRICS celebraram o recente cessar-fogo, mas responsabilizaram Israel por violar os termos do acordo, ao manter presença em cinco áreas do sul libanês.
África em foco: Sudão, Haiti e instabilidade regional
O Sudão também aparece entre as principais preocupações do grupo. Em guerra civil, o país enfrenta uma grave crise humanitária e o risco crescente de radicalização. O BRICS pediu um cessar-fogo imediato e ressaltou a importância do protagonismo africano na resolução dos conflitos.
A violência em outras partes do continente, como a região dos Grandes Lagos e o Chifre da África, também foi citada. O bloco elogiou os esforços da União Africana e defendeu maior apoio internacional à sua atuação.
No Haiti, o BRICS apontou o colapso institucional e o controle de gangues sobre grande parte da capital como uma ameaça grave. O grupo pediu uma solução liderada pelos próprios haitianos e apoiou o envolvimento da ONU na pacificação do país.
Tom conciliador, mas firme
Apesar de um discurso centrado na paz, a declaração do BRICS não evitou críticas a intervenções militares, ocupações territoriais e políticas de sanções. A ênfase foi clara: os países do bloco defendem um mundo multipolar, com soluções negociadas e respeito à soberania — e querem ter mais voz nas decisões sobre os rumos do planeta.







