BRASÍLIA, DF E SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Hamas respondeu de forma positiva nesta sexta-feira (4) ao plano proposto pelos Estados Unidos para um cessar-fogo no conflito com Israel na Faixa de Gaza. Em comunicado, a facção disse estar preparada para negociar a implementação da trégua, indicando concordância com os principais pontos da negociação.

“O Hamas completou suas consultas internas e discutiu com forças e facções palestinas a proposta recente de mediadores. O movimento entregou sua resposta aos irmãos mediadores, que foi caracterizada por um espírito positivo”, escreveu o grupo terrorista no documento.

“O Hamas está completamente preparado, com toda a seriedade, para imediatamente entrar em uma nova rodada de negociações sobre os mecanismos de implementação do acordo.”

À agência de notícias Reuters uma autoridade palestina, que falou sob a condição de anonimato, usou termos semelhantes, dizendo que a resposta era positiva e que facilitaria o caminho para um acordo.

O governo israelense também concordou com os principais termos da proposta, segundo disse na terça-feira (1º) o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O plano prevê uma pausa de 60 dias nos ataques para negociações.

“Meus representantes tiveram uma longa e produtiva reunião com os israelenses hoje sobre Gaza. Israel concordou com as condições para concluir o cessar-fogo de 60 dias, durante o qual trabalharemos com todas as partes para acabar com a guerra”, escreveu Trump em sua plataforma, a Truth Social, na ocasião.

A imprensa israelense disse que uma autoridade do governo de Binyamin Netanyahu confirmou o recebimento da resposta do Hamas e que estava analisando os termos. Um funcionário egípcio afirmou à Reuters que “um acordo está próximo”.

A última trégua no conflito começou em 19 de janeiro deste ano, mas foi rompida por ataques de Israel em Gaza no dia 18 de março, após divergências sobre o desenrolar das fases seguintes do acordo.

Netanyahu ainda não comentou a nova proposta. Ele vai se reunir com Trump neste sábado (5), em viagem de cinco dias a Washington.

O americano afirmou durante a semana que seria “muito firme” com o aliado israelense para a aprovação do cessar-fogo. Já o ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Sa’ar, confirmou que Tel Aviv aceitou o plano.

Na quarta (2), Netanyahu voltou a dizer que o objetivo da guerra é o fim do Hamas. “Não vai haver um Hamas, não haverá um Hamastão. Nós não vamos voltar a isso, está acabado”, disse o premiê.

Dos 255 reféns tomados pelo Hamas no 7 de Outubro, 50 estão em Gaza —28 deles já mortos, segundo estimativa de Israel. O retorno de todos eles é uma das exigências de Tel Aviv, enquanto o Hamas busca que a pausa temporária se torne permanente, com a retirada das tropas israelenses de Gaza.

A despeito das negociações, novos ataques israelenses mataram ao menos 138 palestinos em Gaza em 24 horas, segundo autoridades de saúde locais, ligadas ao Hamas. As mortes no território ultrapassam 56 mil desde o início da guerra. O número, divulgado pelo grupo terrorista, não diferencia civis de combatentes.

Autoridades de saúde do hospital Nasser, em Khan Yunis, no sul de Gaza, disseram que o Exército israelense fez um ataque aéreo contra um acampamento de tendas a oeste da cidade por volta das 2h locais, matando 15 palestinos deslocados por quase dois anos de guerra.

O Exército de Israel afirmou que tropas operando na área de Khan Yunis eliminaram terroristas, confiscaram armas e desmantelaram postos avançados do Hamas nas últimas 24 horas.

Mais tarde nesta sexta-feira, palestinos se reuniram para fazer orações fúnebres antes de enterrar aqueles que foram mortos durante a noite.

“Devia ter havido um cessar-fogo há muito tempo, antes de eu ter perdido o meu irmão”, disse Mayar Al Farr, 13, enquanto chorava. Seu irmão, Mahmoud, foi morto a tiros, disse ela. “Ele foi buscar ajuda, para conseguir um saco de farinha para nós comermos. Ele levou um tiro no pescoço que o matou na hora.”

Adlar Mouamar afirmou que seu sobrinho, Ashraf, também foi morto. “Nossos corações estão partidos. Pedimos ao mundo: não queremos comida, queremos que eles [líderes] acabem com o derramamento de sangue. Queremos que eles parem com esta guerra.”

Em Tel Aviv, familiares e amigos de reféns mantidos em Gaza estavam entre os manifestantes que se reuniram em frente a um prédio da embaixada dos EUA, pedindo a Trump que garantisse um acordo no conflito.