RECIFE, PE (FOLHAPRESS) – O PT e a federação do União Brasil com o PP viraram elementos centrais na disputa polarizada entre a governadora Raquel Lyra (PSD) e o prefeito do Recife, João Campos (PSB), para a eleição de 2026 pelo Governo de Pernambuco.

Juntos, esses partidos teriam, atualmente, parcela expressiva do tempo de propaganda no rádio e na televisão, aferido de acordo com o tamanho das bancadas na Câmara. A federação União-PP tem 111 deputados (21% do total), enquanto a do PT, que também tem PC do B e PV, tem 79 (15%).

O cálculo de que, somadas, as duas federações teriam possivelmente mais de um terço do tempo total já é feito pelos aliados de Raquel e Campos, que querem ter domínio nesse campo a fim de se prevenir de críticas do campo adversário.

A federação União Brasil-PP ainda não foi oficializada pelo Tribunal Superior Eleitoral, enquanto PT, PV e PC do B ainda vão definir se continuam federados por mais quatro anos —o atual vínculo vai até 2026.

O partido do presidente Lula (PT) tem como prioridade em Pernambuco no próximo ano a reeleição do senador Humberto Costa (PT). O petista deverá ser candidato na mesma chapa que João Campos, que não faz mais mistério a aliados de que vai concorrer ao governo no próximo ano.

Porém Humberto não fechou as portas para a governadora, que quer ter o petista como um dos dois candidatos ao Senado da sua chapa. O obstáculo para isso é Lula, que tem uma aliança nacional com o PSB.

A interlocutores Humberto Costa já indicou que é muito difícil o PT apoiar a reeleição de Raquel Lyra, seja pelas distâncias ideológicas, já que a coalizão da governadora também reúne bolsonaristas, como pelo pleito do PSB, que tem Pernambuco como sua prioridade número 1 na eleição do próximo ano.

Em Pernambuco, o comando do União Brasil faz parte da base de apoio ao prefeito do Recife. A sigla quer lançar o ex-prefeito de Petrolina Miguel Coelho como candidato ao Senado. Porém o acordo entre União Brasil e PP prevê que a federação da legenda seja presidida no estado pelo deputado federal Eduardo da Fonte (PP), um dos principais aliados de Raquel.

A federação União Brasil-PP não descarta, inclusive, tentar emplacar dois nomes numa chapa majoritária, seja a de Raquel ou a de João Campos. O cenário no lado do prefeito está mais congestionado, já que, além de Humberto e Miguel, a ex-deputada federal Marília Arraes (Solidariedade) e o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos), também querem disputar o Senado.

Uma das alterações no radar de João Campos é a possível mudança de lado do PP, o que levaria toda a federação com o União Brasil para junto do PSB. O prefeito acredita que, se com a governadora atrás nas pesquisas de intenção de voto, poderá atrair o grupo político de Eduardo da Fonte para seu lado.

Dirigentes nacionais da federação União-PP afirmam que querem emplacar um nome para o Senado e outro para a vice, independente da coligação em que estejam. Uma hipótese seria Eduardo da Fonte para o Senado e Miguel como candidato a vice-governador, ou o ex-prefeito indo para a disputa do Senado e o deputado indicando um candidato a vice.

O presidente do PP em Pernambuco, Eduardo da Fonte, que vai liderar a federação União-PP no estado, tem boa relação com Humberto Costa.

João Campos já declarou publicamente que o PSB apoiará a reeleição de Lula, o que o aproxima do PT no estado. Entretanto, há alas petistas que são próximas à governadora, como a bancada de deputados estaduais e parte dos prefeitos do partido no interior.

O presidente estadual do PT, deputado Doriel Barros, afirma que deseja ter o apoio dos dois palanques para Lula no próximo ano em Pernambuco.

“Sou defensor da ideia de que Raquel apoie Lula. Precisamos reeleger o presidente Lula. Quanto mais apoios tivermos para ele, melhor. E isso seria um reconhecimento ao trabalho do presidente por Pernambuco”, diz.

Ele afirma, porém que “essa decisão só vai ser tomada no próximo ano em sintonia com o projeto de reeleição”.

Uma chapa com Raquel, Humberto e Dudu da Fonte é tida pelo Palácio do Campo das Princesas como um xeque-mate eleitoral sobre o PSB. Mas há reconhecimento das adversidades para efetivá-la.

Em 2022, Raquel Lyra optou pela neutralidade e não declarou voto no segundo turno entre Lula e Jair Bolsonaro.

A avaliação no governo estadual é que dificilmente Raquel terá uma posição sobre apoiar Lula antes de 2026 chegar, até porque o seu próprio partido, o PSD, pode lançar candidato próprio à Presidência da República, como o governador do Paraná, Ratinho Júnior.