PARIS, FRANÇA (FOLHAPRESS) – Os primeiros banhistas “oficiais” do Sena em mais de um século entraram na água às 8h01 de Paris (3h01 em Brasília) deste sábado (5). O mergulho foi liberado em três pequenos trechos do rio que atravessa a capital francesa, depois de uma obra bilionária de despoluição.
Apesar da expectativa, o acontecimento histórico atraiu quase tantos jornalistas quanto banhistas. Embora as três piscinas naturais comportem até 600 pessoas ao mesmo tempo, a fila para entrar na água foi pequena nas primeiras horas, em parte devido aos 18ºC da manhã parisiense. Quem mergulhou, porém, se disse maravilhado com a qualidade e a temperatura da água (25 graus).
“Está melhor dentro da água do que fora”, opinou o contador Paul Lemoine, 27, um dos primeiros a mergulhar. Ele disse que fez questão de chegar na primeira hora. “O Sena simboliza Paris, os Jogos Olímpicos do ano passado. Virei sempre que possível.”
Tomar banho no Sena foi proibido em 1923, devido à poluição. As obras para livrar o rio do lixo, do esgoto e dos resíduos industriais custaram cerca de EUR 1,4 bilhão (R$ 9 bilhões).
No ano passado, o rio foi usado para as provas de triatlo e maratona aquática dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, em meio a controvérsias sobre a qualidade da água. Neste sábado, porém, o nível de bactérias estava “muito baixo”, segundo o governador da região Ile-de-France (à qual pertence Paris), Marc Guillaume.
Moradoras de Paris, as brasileiras Carla Soares e Patrícia Huchedé também elogiaram a qualidade da água: “Gente, eu tomava banho na praia da Ilha [do Governador]. Eu vou ter medo de água do Sena?”, disse, entre gargalhadas, a carioca Carla.
A prefeita Anne Hidalgo compareceu à inauguração, mas não mergulhou – ao contrário do ano passado, quando entrou na água às vésperas dos Jogos Olímpicos, para demonstrar a balneabilidade do rio. Ela disse que vai mergulhar “como uma parisiense”, sem anunciar à imprensa o dia. Segundo Hidalgo, o objetivo é que haja 30 locais de banho no Sena dentro de alguns anos.
Hidalgo estava acompanhada do prefeito da Cidade do Cabo, na África do Sul, Geordin Hill-Lewis, que afirmou querer criar algo semelhante em sua cidade: “O que estamos vendo aqui é muito inspirador, é exatamente o que queremos imitar.”
A liberação do banho ocorreu com um toque brasileiro. Este ano, Paris Plages, nome dado às praias artificiais montadas a cada verão nas margens do Sena, homenageia o Brasil. Além de cadeiras de praia nas cores da bandeira brasileira, haverá eventos culturais relacionados ao país durante todo o verão, como uma exposição de imagens do fotógrafo João Farkas, parte da programação do Ano do Brasil na França.
Em um dos trechos do Sena, também é possível comprar bebidas e salgados brasileiros. Uma caipirinha sai por EUR 12 (R$ 77), enquanto uma porção de cinco salgadinhos (pão de queijo, coxinha, quibe, rissole e pastel de bacalhau) custa EUR 10 (R$ 64).