SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Quem planeja ingressar no serviço público federal por meio do CNU (Concurso Nacional Unificado) tem até o dia 20 de julho para se inscrever na segunda edição da seleção, que neste ano reúne nove blocos temáticos.
Cada um dos blocos é voltado para áreas específicas de formação e atuação. Além disso, eles reúnem carreiras com temas semelhantes, mas que podem diferir em termos de funções, exigências acadêmicas e salários. No caso do bloco 2, dedicado às áreas de cultura e educação, os salários iniciais podem chegar a R$ 7.710,83.
Esse bloco concentra 130 vagas em 11 órgãos federais, como a Fundação Joaquim Nabuco, o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e a Funarte (Fundação Nacional de Artes), com cargos para profissionais de áreas como pedagogia, biblioteconomia, museologia, história, comunicação social e outras formações das ciências humanas.
A Folha ouviu especialistas para entender os principais desafios deste bloco, o perfil dos candidatos e como se preparar.
O QUE SÃO E QUAIS SÃO OS EIXOS TEMÁTICOS DO BLOCO 2?
No CNU, os conteúdos das provas são organizados por eixos temáticos, que reúnem competências comuns a diversos cargos. A distribuição e o peso desses eixos variam conforme a vaga. Por isso, é importante consultar o edital para saber quais eixos serão cobrados e qual o peso de cada um na vaga escolhida.
Os principais temas de cada eixo do bloco 2 são os seguintes:
Eixo temático 1 – Gestão do conhecimento e comunicação: Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais; Lei de Acesso à Informação; gestão do conhecimento e comunicação; política nacional de informação e comunicação pública; inteligência artificial generativa e comunicação ética; plataformas digitais e mediação tecnológica no serviço público; entre outros.
Eixo temático 2 – Políticas públicas de educação: legislação educacional e normas (diretrizes e bases da educação nacional, educação como direito e política pública, plano nacional de educação); educação à distância e tecnologias educacionais (modelos e modalidades de EAD: assíncrona, síncrona, híbrida ou semipresencial; modelos industrial, interativo, colaborativo, híbrido; plataformas digitais e recursos interativos; ensino superior, pesquisa e extensão (políticas para graduação e pós-graduação, integração entre ensino e pesquisa); entre outros.
Eixo temático 3 – Políticas públicas de cultura: sistema e plano nacional de cultura; política e educação patrimoniais; gestão cultural: direitos culturais (cultura como direito fundamental, direitos autorais); saberes tradicionais e culturas sustentáveis; entre outros.
Eixo temático 4 – Pesquisa: fundamentos metodológicos da pesquisa (abordagens quantitativas, qualitativas e mistas; definição de problema, hipóteses e desenho de pesquisa; técnicas de coleta e análise de dados); pesquisa aplicada para políticas públicas; tipos e usos da pesquisa aplicada no setor público; estudos de caso e aplicações no campo da educação, ciclo da pesquisa e suas etapas; ética em pesquisa; entre outros.
Eixo temático 5 – Avaliação: análise de indicadores (tipos de indicador: resultado, impacto, processo; construção, validação e interpretação de indicadores; sistemas de monitoramento e acompanhamento de políticas); métodos quantitativos e análise de dados (tratamento de bases de dados, ferramentas de big data e bases de dados; análise exploratória e inferenciais de dados; modelos multivariados.
O QUE PRECISO SABER PARA OS CARGOS DE EDUCAÇÃO?
Candidatos que pretendem disputar uma vaga na área da educação devem priorizar temas ligados a políticas públicas, pesquisa educacional e indicadores de educação.
“É importantíssimo entender sobre políticas públicas, entender sobre pesquisas educacionais qualitativas, uso dos dados e indicadores de educação”, afirma Carlinhos Costa, coordenador de carreiras educacionais do Gran Concursos.
Além da parte técnica, conteúdos que abordam educação como direito e legislação educacional também são centrais para esses cargos. “O eixo temático 2, que versa sobre legislação educacional e políticas públicas, geralmente tem maior peso”, explica o professor.
COMO POSSO ME PREPARAR PARA TEMAS INTERDISCIPLINARES?
Entre os conteúdos mais cobrados nos cargos do bloco 2 do CNU estão os temas interdisciplinares, como políticas públicas e avaliação institucional. Para se preparar bem, a dica é recorrer a documentos de instituições oficiais.
Segundo Carlinhos Costa, esses dois temas são amplamente explorados em pesquisas do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) e da Enap (Escola Nacional de Administração Pública). Esses materiais trazem conceitos fundamentais como o ciclo das políticas públicas, seus processos de formulação e os indicadores de qualidade usados para avaliar ações governamentais.
DECORAR OU INTERPRETAR? QUE LEIS ESTUDAR?
Na segunda edição do CNU, a cobrança de legislação educacional ganhou mais destaque em relação à prova anterior e o foco, segundo Costa, não será apenas memorização. A interpretação e aplicação prática das normas devem pesar mais na prova da FGV.
O professor diz que é essencial estudar o texto da Constituição sobre educação, a LDB (Lei de Diretrizes e Bases) e outros marcos legais. Ele afirma ainda que é fundamental entender como aplicar esses dispositivos em situações concretas. A FGV tem o costume de apresentar casos práticos e exigir do candidato mais do que a simples lembrança literal dos textos.
Costa também chama atenção para o decreto 12.456/2025, que reestrutura a política de educação a distância no país. “Ele primou pela qualidade, gerou muita discussão e ainda não foi cobrado em provas. Então é importante que o candidato entenda o novo decreto e saiba tudo aquilo que está lá explicitamente descrito”, afirma.
QUAL É A DIFERENÇA ENTRE OS CARGOS DE EDUCAÇÃO DO CNU E CONCURSOS TRADICIONAIS?
Os cargos da área de educação do CNU se distanciam do perfil tradicional de concursos voltados ao ambiente escolar. Segundo Carlinhos Costa, a principal diferença está no local e na natureza da atuação: em vez de trabalhar diretamente em escolas, os profissionais irão atuar em espaços institucionais, contribuindo para a formulação, gestão e avaliação de políticas públicas educacionais.
De acordo com ele, esses cargos envolvem a atuação em áreas como pedagogia institucional, recursos humanos e programas de capacitação. Além disso, os aprovados terão papel ativo no planejamento estratégico de órgãos públicos, assumindo funções estratégicas voltadas à garantia do direito à educação.
QUAIS SÃO OS PRINCIPAIS ERROS E COMO EVITÁ-LOS?
Costa aponta que um dos maiores erros que os candidatos cometem ao se preparar para o CNU é não fazer questões da banca e não estudar todos os conteúdos do edital. Segundo ele, muitos estudantes tendem a priorizar os tópicos que mais gostam, negligenciando áreas que, embora pareçam menos atrativas, são igualmente relevantes para o desempenho no concurso.
Ele destaca a importância de não se concentrar apenas nas áreas de educação, mas também em outras temáticas que podem ser decisivas, como cultura, que, segundo o especialista “serão importantes e relevantes para definir quem estará nos primeiros lugares”.
COMO DEVO ME PREPARAR PARA AS ÁREAS DE CULTURA DO CNU?
Marco Tulio, professor de história do Estratégia Concursos, diz que, historicamente, as provas da FGV privilegiaram a cobrança de questões técnicas ligadas à cultura, incluindo os direitos culturais à luz da Constituição de 1988, aspectos do SNC (Sistema Nacional de Cultura) e dos principais instrumentos de fomento na área.
“Caso seja mantida a tendência verificada na banca nos últimos anos, é possível esperarmos questões sobre os principais instrumentos de incentivo à cultura, que, inclusive, tiveram grande destaque no edital. Quanto à parte referente ao patrimônio cultural, as discussões conceituais não devem extrapolar a própria legislação e as convenções destacadas no certame”, diz o especialista.
QUAIS SÃO OS PRINCIPAIS DESAFIOS DA ÁREA DE CULTURA?
Para Marco Tulio, um dos principais desafios para quem vai disputar uma vaga na área de educação é compreender que as discussões exigidas nas provas são menos conceituais do que se imagina inicialmente. “O entendimento técnico, ligado à legislação específica, é o que merece maior destaque. Para tanto, é importante praticar resolvendo provas anteriores da FGV em áreas correlatas.”
Ele também destaca que o cronograma de estudos precisa equilibrar os conteúdos específicos da área com os tópicos de conhecimentos gerais, como língua portuguesa e administração pública.
O professor diz ainda que muitos candidatos têm vivência sólida com produção cultural, curadoria, gestão de projetos ou políticas públicas, e acreditam que isso é suficiente. Porém, concursos exigem domínio formal de conteúdos teóricos e normativos, o que vai além da prática profissional.
QUAIS SÃO AS VAGAS DO BLOCO 2?
*O salário pode variar conforme titulação: graduação, especialização, mestrado ou doutorado
Órgão Cargo Salário Inicial (R$)* Quantidade de Vagas
Comando da Marinha Técnico em comunicação social 5.982,49 5
Enap Técnico em assuntos educacionais 5.982,49 11
(Escola Nacional de
Administração Pública)
Fundação Técnico em documentação 1 5.982,49 11
Biblioteca Nacional
Fundação Cultural Palmares Pesquisador 5.982,49 10
Fundação Joaquim Nabuco Pesquisador 7.710,83 20
Funda centro Pesquisador 7.710,83 2
Funda centro Tecnologista 7.710,83 12
Funarte
(Fundação Nacional de Artes) Administração e planejamento 5.982,49 7
Funarte Profissional técnico superior 2 5.982,49 7
Funarte Técnico e comunicação 5.982,49 3
Imprensa Nacional Técnico em comunicação social 5.982,49 10
Iphan (Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional) Analista 1 5.982,49 4
Iphan Técnico 1 5.982,49 10
Ministério da Saúde Analista de gestão em pesquisa 7.710,83 4
e investigação biomédica
Ministério da Saúde Analista em ciência e tecnologia 7.710,83 1
Ibram (Instituto Brasileiro Técnico em assuntos culturais 5.982,49 13
de Museus)
VEJA O CALENDÁRIO DO CNU 2025
Inscrições das 10h de 02/07/25 até 23h59 de 20/07/25 (pagamento até 21/07)
Solicitação da isenção da taxa de inscrição 02/07/2025 a 08/07/2025
Prova objetiva 05/10/2025
Convocação para prova discursiva 12/11/2025
Convocação (confirmação de cotas e PcD) 12/11/2025
Envio de títulos 13/11/2025 a 19/11/2025
Procedimentos de confirmação de cotas 8/12/2025 a 17/12/2025
Prova discursiva para habilitados na 1ª fase 07/12/25
Previsão de divulgação da 30/01/2026
primeira lista de classificação