SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – A Prefeitura de Boituva, no interior de São Paulo, denunciou a empresa Aventurar Balonismo, envolvida na morte de uma turista após a queda de um balão em Capela do Alto (SP), em 15 de junho, e que voltou a oferecer voos, mesmo sem autorização legal.
A empresa havia anunciado a retomada de voos em julho. Pelo Instagram, ela afirmou na última terça-feira (1º) que os voos seriam liberados em Boituva.
Um dia antes, a empresa divulgou uma promoção especial com voo de balão, brinde com champanhe e café da manhã após o voo.
Após as postagens, na quarta-feira (2), a prefeitura denunciou a empresa à Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) e abriu um boletim de ocorrência na delegacia da cidade. Segundo a gestão municipal, a empresa Aventurar não possui inscrição municipal e não detém autorização oficial para operar atividades aéreas no município.
De acordo com a prefeitura, o endereço da empresa não possui laudo de vistoria e liberação do Corpo de Bombeiros, requisitos para qualquer operação. Além disso, ela teve pedido de inscrição municipal negado.
A prefeitura também afirma que fiscalizou o endereço utilizado anteriormente pela empresa. Os agentes constataram que não havia nenhuma atividade no local.
Em nota, a Prefeitura de Boituva disse que o balonismo na cidade é uma atividade turística consolidada e só pode ser exercida por empresas regularmente credenciadas e fiscalizadas. “A Prefeitura reitera seu compromisso com o respeito às leis, com a proteção à vida e com a preservação da credibilidade do balonismo de Boituva”, afirmou.
O UOL entrou em contato com a Aventurar e aguarda retorno. Em caso de manifestação, este texto será atualizado.
Relembre o caso
No dia do acidente, o balão saiu de Boituva, mas caiu em Capela do Alto, cidade a cerca de 20 quilômetros de distância. O piloto tentou pousar em áreas inadequadas durante o voo, mas não conseguiu.
O cesto do balão bateu duas vezes no solo durante a tentativa de pouso. Quatro pessoas foram arremessadas para fora no momento das batidas. Havia 33 passageiros no balão, incluindo dois tripulantes. Onze pessoas precisaram ser levadas a hospitais da região. Três delas foram encaminhadas a hospitais de Sorocaba.
Juliana Alves Prado Pereira, 27, natural de Pouso Alegre (MG), morreu no acidente. Ela era psicóloga e comemorava com atraso o Dia dos Namorados com o marido, com quem era casada desde setembro de 2024.
Duas pessoas foram indiciadas após o acidente. O empresário Miguel Antônio Bruder Levia, dono da Aventurar Balonismo, e o piloto do balão, Fábio Salvador Pereira, poderão responder por homicídio culposo (quando não há intenção de matar). O caso foi encaminhado ao Ministério Público de São Paulo, que decidirá se apresenta a denúncia à Justiça.
A manhã de 15 de junho não era favorável para voo, segundo a prefeitura. As saídas de todos os voos de balão do município foram canceladas naquele dia por medida de segurança na manhã e tarde do domingo por causa do mau tempo, segundo a Confederação Brasileira de Balonismo.
A Aventurar já havia sido lacrada por irregularidades. Mesmo assim, voltou a operar com outro CNPJ, de forma irregular, desrespeitando normas de segurança.