RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a defender nesta sexta-feira (4) a elevação de impostos de super-ricos. Segundo ele, essa camada da população mundial teve uma redução “muito grande” de alíquotas a partir dos anos 1970.
A declaração ocorreu durante a 10ª Reunião Anual do NDB (Novo Banco de Desenvolvimento), conhecido como banco do Brics. O evento ocorre nesta sexta e no sábado (5) no Rio de Janeiro.
“Devemos levar muito a sério o fato de que temos que reverter a redução de tributos que foi observada a partir de meados dos anos 1970, dos anos 1980, dependendo do país”, afirmou Haddad.
“Houve uma redução muito grande das alíquotas de impostos cobrados dos super-ricos, praticamente em todo o mundo. Isso precisa ser repensado”, completou.
Na visão do ministro, a concentração de renda no mundo está atingindo “patamares inimagináveis”. “Estamos falando de um planeta de 8 bilhões de habitantes, e 3 mil famílias acumulam uma riqueza da ordem de US$ 15 trilhões”, disse.
Haddad ainda declarou que países vão passar algum tempo por restrições fiscais consideradas importantes. Conforme o ministro, tanto a crise internacional de 2008 quanto a pandemia desorganizaram as finanças globais.
“Mesmo com a possível redução das taxas de juros, que ainda demoram a reagir positivamente, ainda temos um quadro fiscal bastante preocupante, tanto do mundo desenvolvido quanto dos países devedores em moeda forte, como é o caso dos países da África, de algumas nações da Ásia e de algumas nações sul-americanas”, afirmou.
Antes de discursar, Haddad concedeu entrevista na qual elogiou a atuação do STF (Supremo Tribunal Federal) em decisões recentes, incluindo a suspensão dos decretos do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Ele também negou a existência de crise entre os Poderes no Brasil.
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo, determinou nesta sexta a suspensão das decisões relacionadas ao IOF, incluindo tanto as normas editadas pelo presidente Lula (PT) quanto o decreto legislativo aprovado pelo Congresso.
Moraes também designou a realização de uma audiência de conciliação no próximo dia 15. O encontro tem o objetivo de buscar uma saída negociada para o impasse.
“A decisão do ministro Alexandre busca esse caminho de mostrar até que ponto cada Poder pode ir, delimitando constitucionalmente qual é o papel de cada Poder. Isso é ótimo para o país”, disse Haddad.