SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Michael Madsen morreu na tarde desta quinta-feira (3), aos 67 anos. Ele eternizou-se como um dos vilões mais marcantes do cinema com sua atuação como Mr. Blonde em “Cães de Aluguel” (1992), mas, por trás da frieza sádica do personagem, o ator enfrentou um profundo desconforto durante as filmagens.
Conhecido por seus papéis de durão, Madsen era, na vida real, um homem aversão à violência e foi justamente essa contradição que tornou o processo tão desafiador.
O ápice da tensão veio durante a cena em que Mr. Blonde tortura um policial (interpretado por Kirk Baltz), cortando sua orelha ao som de “Stuck in the Middle with You”, num contraste chocante entre brutalidade e comicidade. A cena foi extremamente difícil para Madsen, que já revelou ter odiado gravar a cena.
Madsen, que havia acabado de se tornar pai, lutou para executar a tortura, especialmente quando Baltz improvisou a linha “Eu tenho filhos em casa”. Segundo o portal WhatCulture, a fala, não prevista no roteiro, atingiu o ator em cheio. “A ideia de matar um cara que poderia ser eu, um pai de família, quase me paralisou”, revelou Madsen em entrevistas posteriores.
O momento, hoje icônico, quase não entrou no filme. Harvey Weinstein, produtor do longa, pressionou para a sequência ser cortada, mas Quentin Tarantino insistiu em mantê-la.
Mr. Blonde (também chamado Vic Vega, irmão do personagem de John Travolta em “Pulp Fiction”) é o antagonista central do filme.
Apesar de o filme evitar cenas excessivamente sanguinolentas, a violência psicológica especialmente na tortura do policial foi suficiente para chocar plateias e críticos. Para Madsen, porém, o legado do papel veio com um custo pessoal: “A fama é uma faca de dois gumes. Há muitas bênçãos, mas também muitas coisas pesadas que vêm com ela. Acho que tem muito a ver com os personagens que interpretei. Acho que fui mais crível do que deveria. Acho que as pessoas realmente me temem. Elas me veem e dizem: ‘Puta merda, é aquele cara!'”, disse ele ao The Hollywood Reporter em 2018.
“Mas eu não sou esse cara. Sou apenas um ator. Sou pai, tenho sete filhos. Sou casado, estou casado há 20 anos. Quando não estou fazendo um filme, estou em casa, de pijama, assistindo a The Rifleman na TV, com sorte com meu filho de 12 anos fazendo um cheeseburger para mim”, disse Michael Madsen em 2018.
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VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
No entanto, Madsen foi preso em agosto de 2024 por violência doméstica. A esposa do ator, DeAnna Madsen, disse à polícia que ele a empurrou e trancou para fora de casa. A polícia atendeu um chamado na casa do ator em Malibu, na Califórnia.
Astro foi liberado após pagar US$ 20 mil (R$ 108 mil) de fiança. Em comunicado enviado à revista Variety, seus representantes disseram que “foi um desentendimento entre Michael e sua esposa, que esperamos que seja resolvido de forma positiva para os dois”.
Michael Madsen e DeAnna Madsen eram casados desde 1996. Antes dela, ele foi casado com as atrizes Jeannine Bisignano (de 1991 a 1995), com quem tem dois filhos, e Georganne LaPiere (de 1984 a 1988), irmã da cantora Cher.
MORRE MICHAEL MADSEN
A polícia foi acionada e o ator foi encontrado inconsciente em casa, na manhã desta quinta-feira, em Malibu, nos EUA. Ele sofreu uma parada cardíaca, segundo o The Hollywood Reporter.
Representantes de Madsen ressaltaram que o artista estava envolvido com filmes independentes nos últimos anos, e que estava “ansioso por este capítulo” em sua vida. “Michael também estava se preparando para lançar um novo livro chamado ‘Lágrimas por meu pai: pensamentos e poemas fora da lei’ (tradução livre)”, disseram em nota enviada ao TMZ.
Ele foi casado três vezes e teve seis filhos, incluindo o ator Christian Madsen.
CARREIRA
A carreira de Madsen começou na década de 1980. Ele fez dezenas de filmes, mas ficou mais conhecido pelas colaborações com Quentin Tarantino, cineasta que inovou ao retratar a violência de forma gráfica.
Entre outras produções de sucesso estão “Thelma & Louise” (1991), “Donnie Brasco”, (1997), “Free Willy” (1993), “Os Oito Odiados” (2013) e “Era Uma Vez Em… Hollywood” (2019).
Madsen chegou a ser escalado para o papel de John Travolta em “Pulp Fiction” (1995), de Tarantino, mas desistiu para aparecer em “Wyatt Earp”. Uma escolha da qual, segundo a NBC, ele se arrependeu.