LONDRES, INGLATERRA (UOL/FOLHAPRESS) – Todd Boehly já desembolsou mais de 1,3 bilhão de libras (aproximadamente R$ 10 bilhões) em mais de 40 reforços, mas ainda tenta entender como se joga o jogo fora das quatro linhas. Dono do Chelsea desde 2022, o empresário americano acumula um certo sucesso no beisebol, basquete e até no críquete mas no futebol, sua primeira experiência tem sido turbulenta.
Ele trocou dirigentes, demitiu ídolos, contratou estrelas e apostou em promessas e mesmo assim ainda não conseguiu entregar uma temporada que convença a torcida de que há, de fato, um plano por trás da gastança.
Dois anos e meio após comprar um clube que havia acabado de ser campeão da Liga dos Campeões, Boehly coleciona decisões trocadas no meio do caminho e resultados abaixo das expectativas. A sensação é de um projeto que tenta se reencontrar a cada tropeço com paciência curta no banco, pressa no mercado e pouca identidade dentro de campo.
CHEGADA CONTURBADA
Boehly chegou ao clube no momento mais alto da história recente dos Blues. O Chelsea era o atual campeão da Liga dos Campeões título conquistado em 2021 e vinha de uma era vitoriosa sob o comando de Roman Abramovich, que durou 19 anos e rendeu 21 troféus, incluindo cinco Premier Leagues e duas Champions.
Mesmo com essa herança, a nova gestão rompeu rapidamente com o passado: Marina Granovskaia e Petr Cech, dois dos pilares da estrutura anterior, foram demitidos. Thomas Tuchel, treinador do título europeu e querido pela torcida, também caiu poucos meses depois do início da nova era.
O resultado foi uma sequência de mudanças no banco e, em campo, a pior campanha do Chelsea na Premier League desde 1993-94 apenas 12º lugar na temporada 2022/23.
SEDE POR REFORÇOS
O desempenho pífio não freou o apetite de Boehly no mercado – pelo contrário. A resposta veio com uma enxurrada de contratações de peso em busca de uma solução imediata. Raheem Sterling, Koulibaly e Aubameyang chegaram com status de titulares, mas decepcionaram.
A estratégia, então, mudou de rumo: os medalhões deram lugar a jovens já minimamente testados e consolidados, como Enzo Fernández, Moisés Caicedo e Marc Cucurella. As cifras também assustaram só o argentino custou 107 milhões de libras, e o equatoriano bateu esse recorde meses depois, com 115 milhões.
GRANDE ACERTO
Se os milhões investidos ainda não se traduziram em conquistas importantes, ao menos o clube acertou em cheio em um nome: Cole Palmer. Contratado junto ao rival Manchester City, onde era reserva, o meia-atacante assumiu o protagonismo da equipe e já é tido como um dos principais jogadores da Premier League.
APOSTA NA ‘BASE’
Outro ponto que Boehly manteve, curiosamente, da era Abramovich, foi o foco em jovens promessas. O Chelsea tem apostado em talentos cada vez mais jovens, especialmente vindos do Brasil. É o caso de Andrey Santos, ex-Vasco, que deve finalmente integrar o elenco principal na próxima temporada. E também de Estêvão, do Palmeiras, adversário do Chelsea nesta sexta-feira, pelas quartas de final do Mundial de Clubes.
Se Andrey e Estêvão parecem ter futuro garantido no Chelsea, outros nomes não têm a mesma sorte e sofrem (ainda) com a desorganização do clube – entre eles, os santistas Ângelo, já vendido ao Al-Nassr, e Deivid Washington, emprestado de volta ao Santos.
DANÇA DAS CADEIRAS
Enquanto os nomes entram e saem do elenco, o banco de reservas também tem sido um carrossel. Depois de Tuchel, passaram por lá Graham Potter, Frank Lampard (como interino), Mauricio Pochettino e, agora, Enzo Maresca técnico que chegou após boa campanha com o Leicester na segunda divisão, mas ainda é uma aposta, assim como muitos jogadores do elenco.
CAMPEÃO EUROPEU… DA 3ª DIVISÃO
A temporada 2024/25 trouxe uma melhora tímida, com o Chelsea terminando em quarto na Premier League e vencendo a Conference League a terceira divisão continental. Ainda assim, longe do que se espera para um clube que investiu mais de R$ 10 bilhões em reforços desde 2022 e que continua tentando se encontrar no meio do caminho.
LUGAR AO SOL
A Copa do Mundo de Clubes pode ser, enfim, a primeira grande vitrine para o Chelsea de Boehly. Contra o Palmeiras, nas quartas de final, o dono americano ainda novato no futebol espera ver seu projeto dar os primeiros sinais de maturidade dentro de sua própria casa.