Da Redação
A secretária estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Goiás, Andréa Vulcanis, foi categórica ao afirmar: o lixão de Goiânia não tem mais chance de ser regularizado como aterro sanitário. Em entrevista publicada no canal da Semad, ela explicou que o local opera em condições críticas e repletas de irregularidades ambientais, tornando impossível a emissão de qualquer licença de funcionamento.
A situação se agravou após um relatório técnico da Semad, concluído em abril, apontar uma série de falhas graves na gestão do espaço, incluindo riscos de explosões por acúmulo de gases, presença de resíduos diversos misturados ao lixo comum, ausência de cobertura adequada, proliferação de vetores de doenças e ameaça de contaminação de cursos d’água, como o córrego Caveirinha, que fica nas proximidades.
Mesmo diante dessas constatações, a prefeitura de Goiânia insiste que, com investimentos, seria possível reverter o cenário. Para Vulcanis, no entanto, trata-se de uma expectativa irreal. “É uma área que já passou de qualquer ponto de recuperação. A instabilidade da pilha de lixo, a dimensão do volume acumulado, os anos de má gestão e a proximidade com núcleos urbanos impedem qualquer possibilidade de regularização. Agora, só resta interromper os danos e iniciar um processo de remediação que deve durar décadas.”
A secretária também respondeu a acusações feitas pelo prefeito Sandro Mabel, que sugeriu a existência de uma “máfia” entre a Semad e o Ministério Público para favorecer aterros privados. Ela repudiou com veemência: “São alegações infundadas e irresponsáveis, que desviam o foco da gravidade ambiental que estamos enfrentando. O relatório foi elaborado por técnicos experientes, com base em vistorias detalhadas.”
Segundo Vulcanis, o diálogo com a prefeitura segue aberto, mas não há espaço para tolerância diante do risco ambiental. A Semad já iniciou a aplicação de multas diárias pela continuidade das operações e convocou o município para apresentar um plano de desmobilização. A Justiça também reconheceu a competência do órgão estadual para fiscalizar e tomar providências.
Ao ser questionada sobre o argumento de que Sandro Mabel acaba de assumir o cargo e não deveria ser responsabilizado imediatamente, a secretária foi direta: “Quem assume o mandato, assume também os passivos. Esse lixão é discutido há mais de dez anos. A legislação federal já determinava o fim de todos os lixões até agosto de 2024. Não é uma questão política, é uma questão legal e ambiental.”
A destinação futura dos resíduos da capital deverá ser feita para um aterro sanitário licenciado num raio de até 200 km de Goiânia, via licitação. Já os rejeitos que permanecem no lixão continuarão sob responsabilidade do município, que terá de monitorar e controlar os impactos por séculos. “É um passivo que vai durar 500, 800 anos. Quem criou o problema, agora precisa resolvê-lo”, finalizou Vulcanis.