Da Redação
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, foi alvo de intensos ataques verbais durante uma audiência na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (2). Em um ambiente marcado por tensão e interrupções constantes, Marina afirmou ter se sentido “terrivelmente agredida” pelas falas do deputado Evair Vieira de Melo (PP-ES), conhecido opositor da política ambiental do governo.
Evair retomou declarações polêmicas feitas em 2024, acusando a ministra de usar estratégias semelhantes às de grupos como Hamas, Hezbollah e as Farc. Ele ainda afirmou que a conduta da ministra se assemelha a um “adestramento”, negando que se tratasse de um ataque pessoal.
Marina, visivelmente abalada, reagiu: “Depois do que aconteceu no Senado, muitos acharam normal repetir ofensas em um nível ainda mais baixo. Fui terrivelmente agredida.” A ministra referia-se a uma audiência anterior em que deixou a sessão após insultos da oposição.
Convocada para esclarecer temas como o apoio ao Acampamento Terra Livre, o aumento do desmatamento e os impactos ambientais da COP30 em Belém, Marina defendeu suas posições, reafirmou o compromisso com os povos indígenas e lembrou que obras como a rodovia da COP30 são responsabilidade estadual, não federal.
O clima seguiu tenso. O presidente da comissão, Rodolfo Nogueira (PL-MS), ironizou a atuação da ministra ao chamá-la de “paladina da sustentabilidade”, enquanto parlamentares da base do governo criticaram a hostilidade dos opositores.
Durante a audiência, Evair também direcionou críticas ao Ibama, que segundo ele virou uma “indústria da multa”, e contestou os dados oficiais sobre desmatamento. Marina respondeu com firmeza e destacou que buscou forças na espiritualidade para manter a calma: “Pedi serenidade a Deus. Que Ele julgue entre mim e Vossa Excelência e dê Seu veredito.”
Interrompida em vários momentos, Marina encerrou sua participação denunciando o caráter machista dos ataques: “Quando um homem fala com firmeza, é visto como incisivo. Quando uma mulher faz o mesmo, pedem que ela se acalme. Isso é ofensivo.”