SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Alex Amaro de Oliveira, o “Barba”, tesoureiro do PCC, foi preso em um apartamento de luxo onde morava desde janeiro, no bairro do Morumbi, em São Paulo. Segundo a polícia, ele lucrava até R$ 150 mil por dia com pontos de tráfico e mantinha joias, relógios e até um automóvel Tesla no imóvel.

Operação cumpriu mandado de busca e apreensão. A ordem foi expedida pela Justiça e mobilizou equipes em São Paulo para capturá-lo. A prisão foi feita pela 2ª Dise (Delegacia de Investigações sobre Entorpecentes) da Deic (Divisão Especializada de Investigações Criminais) de Santos, com apoio do GOE (Grupo de Operações Especiais da Polícia Civil), acionado devido ao alto risco do alvo.

Barba estava no quarto com a esposa e os quatro filhos. Segundo a polícia, ele não ofereceu resistência, mas também não colaborou com as investigações.

Polícia afirma que ele lucrava até R$ 150 mil por dia. O valor seria resultado da administração de pontos de tráfico próprios e da arrecadação de dinheiro de biqueiras arrendadas por outros traficantes ao PCC, repassando parte ao alto escalão da facção.

No local foram apreendidos bens de alto valor e drogas. Os policiais encontraram um veículo Tesla, além de outros carros de luxo que ele usava, como BMW e Land Rover, relógios, joias, caixas de joalheria, pequenas porções de skunk e maconha, celulares e notebooks. Um Tesla novo custa entre R$ 500 mil e R$ 1 milhão no Brasil, dependendo do modelo.

Também foi preso um homem identificado como “Irmão Vinícius”. Ele é apontado como responsável por recolher o dinheiro dos pontos de venda e entregá-lo a Barba. Em uma das diligências, policiais flagraram o suspeito se encontrando com um criminoso da Baixada Santista, o que levou à descoberta da ligação direta com Barba.

Com o segundo suspeito havia contabilidade detalhada do tráfico. Foram apreendidas anotações diárias dos pontos de venda, conversas sobre compra de armas e imagens de câmeras clandestinas instaladas em comunidades para monitorar ações da polícia.

COMO FUNCIONAVA O ESQUEMA

Operação começou após apreensão de veículos com fundo falso. Segundo o delegado Leonardo Rivau, da 2ª Dise (Delegacia de Investigações sobre Entorpecentes) da Deic (Divisão Especializada de Investigações Criminais) de Santos, policiais investigavam carros usados para transportar drogas e dinheiro escondidos em fundos falsos quando chegaram até Irmão Vinícius, braço operacional de Barba.

Irmão Vinícius mantinha contato direto com traficantes. A investigação apontou que Barba evitava contato com os pontos de venda, delegando essa função a Vinícius. “O Barba mantinha distância dos traficantes para não se expor. Era o Vinícius quem tinha esse contato diário com a rua”, explicou o delegado.

Barba era braço direito de “Palito” no PCC. Segundo a polícia, antes de assumir a tesouraria, Barba trabalhava com Alexsandro Roberto Pereira, conhecido como Palito, traficante conhecido por tramar atentados contra o ex-juiz Sergio Moro e o promotor Lincoln Gakiya. “O Palito era o tesoureiro anterior. Com a morte dele, em novembro de 2024, o Barba assumiu a função”, afirmou Rivau.

Após a morte de Palito, Barba controlou arrecadação do tráfico. Com o assassinato do antigo tesoureiro, Barba passou a gerenciar os repasses de dinheiro de pontos de tráfico na Baixada Santista e em comunidades da capital, incluindo a Favela da Felicidade, no Jardim São Luís, zona sul de São Paulo, onde nasceu.

Ele recebia biqueiras como recompensa pelo cargo. As anotações apreendidas mostraram que, além de cuidar da arrecadação geral, Barba administrava três pontos de tráfico dados a ele pelo PCC. “Era uma espécie de pagamento pelos serviços prestados como tesoureiro”, explicou o delegado.

Investigação ainda busca rastrear o dinheiro do tráfico. Rivau afirmou que a polícia vai aprofundar as apurações sobre movimentação financeira. “Vamos investigar contas bancárias, transações em criptomoedas e compra de imóveis. Ainda há muito a ser esclarecido”, afirmou.

O QUE DIZ A DEFESA

Defensores negam qualquer vínculo de Barba com o PCC. Em nota, o escritório Asurara & Ramiro Advogados Associados afirmou que a diligência ocorreu de forma pacífica, sem flagrante, e que foram apreendidas joias de origem declarada e dois veículos com origem lícita, embora não estivessem formalmente registrados em nome de Alex.

Defesa diz que prisão foi por posse ínfima de maconha. Segundo os advogados, ele está preso apenas pela apreensão de aproximadamente 5g de maconha, quantidade considerada ínfima e incompatível com qualquer indício de tráfico ou associação criminosa.

Advogados afirmam que vão recorrer. Os advogados afirmam que Barba não tem relação com facções criminosas e que a defesa confia que os fatos serão apurados “com isenção e respeito à legalidade”.