SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Polícia Civil de São Paulo começou, nesta terça-feira (1°), a tomar o depoimento de profissionais que atuam no transporte público. A ação faz parte da investigação sobre a série de apedrejamentos a ônibus que têm ocorrido em São Paulo.

A capital paulista registrou 179 casos de vandalismo contra os veículos de transporte coletivo desde o último dia 12, segundo o SPUrbanuss (sindicato patronal).

Outros 13 ataques ocorreram em municípios do ABC, somente no último fim de semana. As depredações também chegaram à Baixada Santista. Em Santos, 11 ônibus acabaram vandalizados na madrugada de domingo (29).

As oitivas têm como objetivo chegar aos autores e aos possíveis mandantes da sequência apedrejamentos.

Em um desses casos, na noite de sexta-feira (27), uma mulher de 31 anos ficou ferida devido a estilhaços do vidro da janela de um ônibus que quebrou após uma pedrada. O veículo foi atingido na avenida Washington Luis, no Campo Belo, zona sul da capital paulista.

Essa área da cidade, aliás, é a região na qual estão concentradas a maioria das ações. Segundo um policial que atua na investigação, 60% dos ataques ocorreram na zona sul da cidade.

A avenida Cupecê e seu entorno são os pontos com mais incidência. Isso, ainda segundo o agente, chama a atenção dos investigadores.

Os policiais não descartam nenhuma hipótese. Entre os caminhos analisados, a investigação se debruça na possibilidade dos ataques serem consequência de desafios surgidos nas redes sociais, que estariam incitando os apedrejamentos.

Outras possibilidades no radar da Polícia são: briga entre grupos sindicais ou algo orquestrado por parte de empresas rivais.

O mesmo policial envolvido na investigação, citado anteriormente, disse que a concorrência entre as viações não pode ser descartada. Isso porque, a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) já foi investigada por operar empresas de ônibus.

Uma outra hipótese é que esteja ocorrendo um descontentamento em relação a instalação de câmeras nos veículos.

Diante da gravidade do fato, a SPUrbanuss pediu ajuda para o secretário de Segurança Pública do estado de São Paulo, Guilherme Derrite. Um ofício foi encaminhado para a pasta com a solicitação de uma reunião para discutir a questão.

“Diante da contínua repetição de tais atos e da crescente sensação de insegurança, solicitamos o reforço imediato do policiamento ostensivo nas áreas sabidamente vulneráveis, notadamente nos pontos de parada, corredores de ônibus terminais onde, costumeiramente, ocorrem os ataques”, diz em carta a entidade.

Na manhã desta segunda-feira (30), o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), afirmou que não se sabe o que tem motivado o vandalismo.

“Nesse momento eu ainda não tenho a conclusão desse trabalho da Polícia Civil [investigações], mas com certeza nos próximos dias ou nas próximas semanas a gente deve ter por parte da Polícia Civil a solução de autoria”, disse.

Em nota, também na última segunda, a Secretaria da Segurança Pública afirmou que a 6ª Delegacia da Divisão de Investigações sobre Crimes contra o Patrimônio, do Deic, conduz as apurações sobre as recentes ações criminosas, com foco na identificação e responsabilização dos autores.

A DCCIBER (Divisão de Crimes Cibernéticos) também está envolvida nas investigações, para monitorar a atuação dos criminosos em plataformas digitais.

“Paralelamente, o CICC [Centro Integrado de Comando e Controle] vai se reunir com representantes das empresas de transporte para discutir estratégias para o enfrentamento das ações criminosas”, disse a pasta da segurança.

Já a SPTrans disse que tem reforçado a orientação para que as concessionárias que operam a frota da cidade de São Paulo comuniquem imediatamente todos os casos à central de operações do transporte público e formalizem as ocorrências junto às autoridades policiais.