PARATY, RJ (FOLHAPRESS) – Não é fácil acompanhar o ritmo de Bruce Springsteen. Seja fazendo shows com quatro horas de duração com The E Street Band ou apresentações solo na Broadway, participando de documentários ou cruzando o mundo numa turnê gigantesca que totalizou mais de 130 apresentações e se tornou a sexta turnê mais rentável da história da música, com shows gravados e disponíveis no site do artista, Springsteen não para de presentear os fãs.
No último final de semana, saiu mais um presentão para os brucemaníacos ”Tracks II”, uma caixa com sete discos inéditos num total de 83 faixas, sendo que 74 delas nunca haviam sido apresentadas ao público.
São sete LPs inteiros, gravados entre 1983 e 2018, que, por razões diversas, Springsteen achou por bem não lançar nas épocas de suas respectivas gravações. “Esses são álbuns que foram parte de um momento de minha vida”, disse Springsteen ao jornal The New York Times, “mas que, por alguma razão, acabaram ficando de lado quando comecei a trabalhar em outros álbuns.”
Desde 1982, quando fez “Nebraska”, sua obra-prima espartana, usando um pequeno gravador caseiro de quatro canais, Springsteen se acostumou a fazer discos sozinhos. Usando uma bateria eletrônica como base, ele grava as músicas com um violão e põe o vocal principal. Depois complementa a canção com guitarra, baixo, teclados, ou qualquer instrumento que julgue adequado à música.
É só quando ele se dá por satisfeito com o resultado que os músicos que o acompanham há décadas são chamados para gravar. O baterista Max Weinberg, que toca com Springsteen desde 1974, diz que ficou chocado quando recebeu uma ligação do “Boss” para gravar a bateria de várias faixas de “Tracks II” que ele nem sabia que existiam.
O primeiro dos sete discos é “L.A. Garage Sessions 83”, com canções gravadas entre as sessões de “Nebraska”, de 1982, e o megassucesso “Born in the USA”.
O segundo é “Streets of Philadelphia Sessions”, com músicas gravadas entre 1993 e 1994. É um disco marcado por bateria eletrônica e sintetizadores, que culminou na canção “Streets of Philadelphia”, que deu a Springsteen um Oscar pela música do filme “Filadélfia”, de Jonathan Demme.
Na sequência vem “Faithless”, trilha sonora que o artista compôs entre 2005 e 2006 para um faroeste que nunca foi filmado; “Somewhere North of Nashville”, um disco country gravado em 1995 junto com as sessões do celebrado álbum “The Ghost of Tom Joad”; e “Inyo”, uma coleção de canções de forte influência de música mexicana gravadas durante a turnê de lançamento de “The Ghost of Tom Joad”.
Os últimos dois álbuns são “Twilight Hours”, um trabalho orquestral de baladas gravado com um longo intervalo nos biênios 2010-2011 e 2016-2017, e “Perfect World”, um disco de rocks explosivos, bem ao estilo da E Street Band, com faixas gravadas entre 1994 e 2010.
O texto de apresentação da caixa “Tracks II” diz que Springsteen não regravou nenhum vocal para os sete discos. Ele e o parceiro Ron Aniello, que toca com Springsteen desde 2010, apenas adicionaram instrumentos aqui e ali. Mas a sonoridade dos discos permanece a mesma de quando foram gravados em estúdios caseiros.
A caixa “Tracks II” vem 27 anos depois de “Tracks”, uma caixa com quatro discos contendo 66 canções inéditas, demos, versões alternativas de músicas conhecidas e sobras de estúdio. E Springsteen promete, para daqui a três anos, a caixa “Tracks III”, que trará o que restou nos arquivos do artista. Os fãs já estão sonhando.
TRACKS II: THE LOST ALBUMS
– Onde Disponível nas plataformas de streaming
– Autoria Bruce Springsteen
– Gravadora Legacy Recording