SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta terça-feira (1º) que Israel concordou em finalizar os termos de um cessar-fogo de 60 dias com o Hamas na Faixa de Gaza. Horas antes, o republicano havia dito que seria “muito firme” com o premiê israelense, Binyamin Netanyahu, para encerrar o conflito. Os dois líderes devem se encontrar na semana que vem em Washington.
A proposta, segundo o americano, agora será enviada ao Hamas por negociadores do Qatar e do Egito. “Meus representantes tiveram uma longa e produtiva reunião com os israelenses hoje sobre Gaza”, escreveu Trump em sua plataforma, a Truth Social. “Israel concordou com as condições para concluir o cessar-fogo de 60 dias, durante o qual trabalharemos com todas as partes para acabar com a guerra.”
Trump também pediu ao Hamas que aceite a proposta “pelo bem do Oriente Médio”. O governo israelense, por sua vez, não havia se manifestado sobre o tema.
O anúncio de Trump ocorreu após Netanyahu confirmar que vai viajar aos EUA para participar de reuniões com o republicano. O presidente dos EUA continua falando em acordo iminente e afirmou a jornalistas que espera conseguir alcançar um cessar-fogo em breve.
“Esperamos que isso aconteça. E estamos ansiosos para que aconteça em algum momento da próxima semana”, disse Trump ao sair da Casa Branca para uma viagem de um dia à Flórida. “Queremos tirar os reféns de lá”, completou. Há ainda 50 reféns com o Hamas, 28 dos quais mortos com certeza, segundo o governo israelense.
A visita de Netanyahu também incluirá conversas com o secretário de Estado, Marco Rubio, o secretário de Defesa, Pete Hegseth, o enviado de Trump para o Oriente Médio, Steve Witkoff, e o secretário de Comércio, Howard Lutnick, segundo comunicado divulgado pelo premiê.
“Ainda temos algumas coisas para finalizar a fim de alcançar um acordo comercial, além de outros assuntos”, disse ele, referindo-se aos planos de tarifas do governo Trump. “Também terei reuniões com líderes do Congresso e do Senado e algumas reuniões de segurança.”
O ministro de Assuntos Estratégicos de Israel, Ron Dermer, foi a Washington nesta semana para conversas preparatórias ao encontro entre o presidente americano e o premiê israelense
Um breve cessar-fogo de 40 dias com o Hamas foi estabelecido de janeiro a março deste ano, mas Israel retomou as ofensivas em Gaza logo após o fim do prazo.
A guerra no território, iniciada com o ataque terrorista de 7 de outubro de 2023, foi o estopim para a série de conflitos que desaguaram no ataque de Israel ao Irã no mês passado.
Trump se envolveu diretamente no conflito com Teerã e bombardeou três instalações nucleares do país persa: em Natanz, Isfahan e Fordow. O republicano afirmou que o ataque aniquilou o programa nuclear iraniano, mas relatórios preliminares das agências de inteligência americanas publicadas pela imprensa colocaram em xeque as falas do presidente sobre o tema.
Embora o Irã afirme oficialmente que a controversa iniciativa nuclear do país tenha fins pacíficos, a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica da ONU) diz que Teerã enriquece urânio a 60% -nível próximo dos 90% necessários para produzir uma bomba atômica e muito acima dos 3,67% exigidos em usinas comerciais.
Os EUA, com a ajuda do Qatar, costuraram um frágil cessar-fogo após 12 dias de conflito. A trégua, porém, foi violada logo no primeiro dia pelos rivais. Na ocasião, Trump interveio diretamente para que os aliados em Tel Aviv não colocassem tudo a perder. E deu uma bronca em Israel.
“Nós basicamente temos dois países que têm lutado há tanto tempo, e tão duramente, que eles não sabem que porra estão fazendo. Você entende isso?”, disse ele a jornalistas antes de embarcar para a cúpula da Otan, a aliança militar ocidental, na Holanda, no último dia 24.
O republicano se referia à troca mútua de acusações de rompimento da trégua. “Eu não estou feliz com o Irã, não estou feliz com Israel”, disse a repórteres, embora tenha focado suas críticas ao Estado judeu.
“Eu preciso fazer Israel se acalmar. Assim que aceitaram o acordo, eles vieram e lançaram um monte de bombas, algo que eu nunca tinha visto, a maior carga que já vimos”, disse, com o exagero habitual.
A intervenção deu certo. Tel Aviv cancelou um ataque grande contra Teerã e ordenou a volta de seus caças, limitando-se a bombardear uma estação de radar. Segundo o governo israelense, a decisão foi tomada após Trump ligar para o premiê Netanyahu, que prometeu parar os ataques.
De seu lado, o governo iraniano disse que cumpriria a trégua se Israel o fizesse. A chave virou nos dois países: Tel Aviv, por exemplo, determinou o relaxamento das restrições vigentes desde que atacou o Irã, no dia 13, abrindo seu espaço aéreo e liberando aulas e reuniões públicas.
Com a trégua, Israel inclusive disse que voltaria seu foco para a guerra em Gaza.