SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Morreu nesta segunda (30) o roteirista e editor de histórias em quadrinhos Jim Shooter, aos 73. Ele foi editor-chefe da Marvel Comics entre as décadas de 1970 e 1980 e tem entre seus trabalhos mais conhecidos a história “Guerras Secretas”, considerada um marco na indústria.
A morte de Shooter, que tratava um câncer no esôfago, foi anunciada inicialmente pelo também roteirista e amigo Mark Waid, em suas redes sociais.
“É com profunda tristeza que recebemos a notícia do falecimento de Jim Shooter, ex-editor-chefe. Jim redefiniu a indústria de quadrinhos e refletiremos sobre seu inegável legado nos próximos dias”, lamentou a Marvel nas redes sociais. “Nossos corações estão com seus entes queridos e com os muitos criadores e fãs que foram tocados por seu trabalho.”
Fãs e colegas de profissão também comentaram a morte do roteirista nas redes sociais.
Nascido em 27 de setembro de 1951 na Pensilvânia, nos Estados Unidos, Shooter começou na indústria dos quadrinhos ainda jovem, aos 14 anos, quando enviou seus primeiros esboços para a DC Comics. As histórias chamaram a atenção do então time editorial, que o convidou para escrever histórias para personagens como Superman e a Legião dos Super-Heróis.
Entre indas e vindas do mundo dos quadrinhos, foi na década de 1970, a convite do então editor-chefe da Marvel Comics, Marv Wolfman, que Shooter passou a integrar a equipe como roteirista e editor.
Ele assumiu a posição de editor-chefe em 1978, quando deu início a uma fase que ficou marcada por clássicos como os X-Men do roteirista Chris Claremont e do desenhista John Byrne, Thor de Walter Simonson e a elogiada passagem do britânico Frank Miller pelo Demolidor -cujas histórias serviram de base para as adaptações da Netflix e da Disney+ para o personagem.
Como roteirista, fez sucesso na revista “Vingadores”, onde dividia os créditos com o ilustrador George Pérez, também considerado uma lenda dos quadrinhos, que morreu em 2022.
Com “Guerras Secretas”, série em 12 edições lançada entre 1984 e 1985, Shooter ajudou a popularizar os chamados “megaeventos”, formatos conhecidos por juntar os personagens mais populares da editora em histórias que se espalhavam por diversas publicações.
O sucesso levou ao lançamento de outras sagas sob o mesmo nome -a mais recente delas, de 2015, deve servir como base para os próximos dos “Vingadores” no cinema: “Doomsday”, com previsão de lançamento para 2026, e “Secret Wars”, com data prevista para 2027.
Como editor, Shooter também ficou conhecido por defender o direito de artistas a receberem melhor por suas criações. Na Marvel, estabeleceu programas para o pagamento de bônus de acordo com a venda de quadrinhos e para a distribuição de royalties a criadores de personagens que fossem licenciados para marcas de brinquedos.
Sua passagem pela Marvel, no entanto, não foi sem controvérsias. O estilo editorial de Shooter atraiu críticas de colegas como Byrne, que o acusou de controlar demais os roteiros e de censurar certos tópicos, como a presença de personagens homossexuais.
Após ser demitido pela Marvel em 1987, Shooter acumulou passagens por outras editoras ao longo dos anos, assinando trabalhos como roteirista, editor e consultor, como Dark Horse Comics e Illustrated Media Comics.
Ele também atuou na criação de diferentes selos de quadrinhos. Lançou a Valiant Comics em 1989, onde atuou até ser dispensado em 1992. Shooter participaria ainda na fundação de selos como Defiant Comics e Broadway Comics.