SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Cerca de 300 eventos, a maior parte deles culturais, marcam a temporada da França no Brasil, que acontece entre agosto e dezembro em 15 cidades brasileiras. É o segundo momento de celebração, neste ano, dos dois séculos das relações diplomáticas entre os países -a primeira etapa, que se encerra em setembro, tem levado dezenas de exposições, espetáculos de dança e de teatro de artistas brasileiros a várias regiões da França.

A programação da França no Brasil -que inclui também eventos preparativos da conferência do clima COP30, em Belém- se organiza sob as égides do pluralismo e da diversidade, de acordo com falas de oficiais dos dois países no lançamento da temporada, nesta terça-feira, no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo.

“O objetivo é trabalhar junto as democracias do Brasil e da França. Temos que trabalhar juntos para tentar reverter as tendências terríveis que assistimos no mundo”, disse Anne Layout, a comissária da temporada da França no Brasil, acrescentando que o contexto internacional em 2025 é “difícil” e com “muitas tensões”.

A programação cultural abarca artes visuais, cinema, música, dança, teatro, circo e outras áreas. A abertura será em 23 de agosto, com uma exposição no Sesc Pompeia, em São Paulo, que reúne obras de artistas mulheres de países africanos, mulheres negras da diáspora que vivem na Europa e artistas afro-brasileiras.

Promover o diálogo com a África, a propósito, é outra das propostas da temporada. Isso deve se desdobrar numa série de atividades em Salvador, a exemplo de uma exposição com fotos inéditas de Pierre Verger encontradas no Senegal. São mais de 100 imagens, além de documentos e entrevistas, que registram seu contato com a cultura do Benin e sua iniciação como babalaô.

A temporada olha para os territórios franceses no Caribe, com a presença de nomes da região na Bienal de São Paulo, como a artista de Guadalupe Minia Biabiany. Outros 14 convidados para a maior mostra de artes visuais do Brasil são franceses ou africanos vindos dos territórios da França.

Na música, vale destacar o intercâmbio do festival Psica, em Belém, com o Tropiques Atrium, da Martinica, parceria que trará para a capital do Pará músicos destaque da cena da ilha caribenha, além da apresentação de uma versão da ópera “Les Indes Galantes” com cantores e bailarinos brasileiros e franceses no Theatro Municipal de São Paulo.

O ano da França no Brasil também “encoraja a parceria de longa duração entre instituições” dos dois lados do Atlântico, disse o embaixador do país europeu no Brasil, Emmanuel Lenain. Neste contexto, os organizadores destacaram a inauguração, em novembro de 2027, de uma unidade do Pompidou em Foz do Iguaçu. As exposições no centro vão contar com o acervo do Centro Pompidou de Paris, dono da maior coleção de arte moderna e contemporânea da Europa.