SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente dos EUA, Donald Trump, sugeriu que o Doge (Departamento de Eficiência do Governo) deveria analisar os subsídios que as empresas do bilionário Elon Musk receberam do governo, em um novo embate entre duas pessoas que eram bem próximas até maio deste ano.
Os comentários de Trump foram feitos nesta terça-feira (1º) após Musk voltar a criticar o projeto de lei de corte de impostos e gastos no domingo (29).
“Elon pode receber mais subsídios do que qualquer ser humano na história, de longe, e, sem subsídios, Elon provavelmente teria que fechar a loja e voltar para casa na África do Sul”, afirmou Trump em sua rede social Truth Social.
N”ão haveria mais lançamentos de foguetes, satélites ou produção de carros elétricos, e nosso país economizaria uma fortuna. Talvez devêssemos pedir ao Doge para dar uma boa e dura olhada nisso? MUITO DINHEIRO PODE SER ECONOMIZADO!!!”, disse Trump em crítica a Elon Musk.
Em resposta à publicação de Trump, Musk, em sua própria plataforma de mídia social X, disse: “Estou literalmente dizendo: CORTEM TUDO. Agora.”
As ações da Tesla, uma das empresas de Musk, caíram quase 5% nas negociações pré-mercado. A disputa com Trump pode criar obstáculos para a Tesla e para o restante do império de negócios de Musk.
O jornal Financial Times relatou em fevereiro que as seis empresas de Musk lucram cerca de US$ 20 bilhões em contratos governamentais que o bilionário já insistiu anteriormente que foram todos conquistados por mérito e proporcionaram valor pelo dinheiro.
A Tesla recebeu mais de US$ 2,8 bilhões em subsídios estaduais e federais, enquanto a SpaceX se tornou a operadora de fato do programa espacial dos EUA, ganhando contratos governamentais no valor de US$ 22 bilhões (R$ 119,38 bilhões), de acordo com a agência de notícias Reuters.
Além dos subsídios, o governo pode ser fundamental em decisões que afetariam Musk. Um dos exemplos é a produção em massa do táxi-robô, que depende do aval do Departamento de Transportes dos EUA.
O presidente dos EUA já havia ameaçado cortar os contratos de Musk com o governo após uma briga nas redes sociais no início de junho por causa do projeto de lei, que, segundo analistas, acrescentaria cerca de US$ 3 trilhões (R$ 16,28 trilhões) à dívida dos EUA.
O projeto está sendo votado no Senado e foi alvo de críticas do dono da Tesla no domingo. Em uma série de publicações em sua plataforma de mídia social X, Musk afirmou que a medida levaria ao aumento da dívida ao “maior nível da história”.
Ele também voltou a ameaçar com a criação um novo partido político, como “alternativa ao unipartido Democrata-Republicano”.
A disputa pública, que começou depois que Musk deixou o governo em maio, marca um espetacular desmoronamento dos laços anteriormente estreitos entre os dois, que foram forjados quando o bilionário ajudou a financiar o retorno de Trump à Casa Branca.
Trump nomeou Musk como chefe do Doge e deu-lhe a tarefa de cortar trilhões de dólares em gastos da máquina pública. Musk passou a promover uma série de demissões em diversos órgãos e passou a ser criticado até fora do país, com protestos realizados em frente a concessionárias da Tesla.
À medida que o relacionamento deles entrou em colapso a partir de maio, Musk pediu o impeachment de Trump, sugeriu que suas tarifas comerciais causariam uma recessão nos EUA, ameaçou desativar as cápsulas da SpaceX usadas para transportar astronautas da Nasa e insinuou que o presidente estava associado a Jeffrey Epstein, condenado por pedofilia.
Mas em uma publicação no X alguns dias depois, Musk disse que “lamentava” alguns de seus ataques, que ele disse que “foram longe demais”.