Da Redação

Um ataque aéreo israelense deixou ao menos 33 mortos na noite de ontem em uma praia na Faixa de Gaza, segundo a Defesa Civil palestina. O alvo teria sido um café bastante frequentado por civis, jornalistas e ativistas que utilizavam o local para descanso e acesso à internet. A ação, somada a outros bombardeios em diferentes pontos do território, elevou o número total de mortos para 73 em apenas 24 horas.

Vídeos que circularam nas redes mostram cenas dramáticas: equipes de resgate tentando retirar corpos dos escombros, pessoas feridas clamando por ajuda e moradores em estado de choque. Entre as vítimas confirmadas está o fotojornalista palestino Ismail Abu Hatab.

“É sempre cheio aqui. Um lugar tranquilo, com bebidas, famílias e sinal de internet”, relatou Ahmed al-Nayrab, de 26 anos, que presenciou o ataque. “Depois da explosão, vi partes de corpos espalhadas. As pessoas gritavam desesperadas. Foi horrível.”

Guerra e diplomacia em movimento

O ataque ocorreu no mesmo dia em que Ron Dermer, conselheiro sênior do primeiro-ministro israelense Binyamin Netanyahu, desembarcava em Washington. Ele tem encontros agendados com autoridades americanas para tratar da possibilidade de um novo cessar-fogo com o Hamas, além das consequências do confronto entre Israel e Irã. A movimentação diplomática ocorre após o presidente dos EUA, Donald Trump, fazer um apelo por um acordo que ponha fim ao conflito e liberte os reféns ainda mantidos em Gaza.

Nos bastidores, Israel também tenta avançar em acordos de normalização com países árabes, em especial a Síria. O chanceler israelense Gideon Saar declarou que está disposto a formalizar relações com Damasco e Beirute — desde que seja reconhecida a soberania israelense sobre as Colinas do Golan, território ocupado por Israel desde 1967. “Em qualquer acordo de paz, as Colinas continuarão sendo parte de Israel”, afirmou.

Estratégia territorial e tensões internas

Segundo analistas, a intensificação dos ataques coincide com momentos-chave das negociações, sugerindo uma tática militar de ampliar o controle territorial como forma de barganha diplomática. O próprio Netanyahu reconheceu que a última ofensiva, iniciada em maio após o colapso de um cessar-fogo, buscava garantir áreas que pudessem ser usadas como moeda de troca em futuras tratativas de paz.

O chefe do Estado-Maior israelense, Eyal Zamir, declarou no fim de semana que os objetivos da operação estavam próximos de ser atingidos. Internamente, Netanyahu também ganha força política após os recentes confrontos com o Irã, o que lhe dá mais margem para resistir às pressões de aliados ultranacionalistas que rejeitam qualquer acordo com o Hamas.

Apesar disso, diplomatas alertam que o caminho para um cessar-fogo duradouro continua repleto de obstáculos. O Hamas exige o fim total da ofensiva israelense e se recusa a depor as armas. Israel, por sua vez, afirma que não encerrará a campanha enquanto o grupo não for totalmente desmantelado e seus líderes, exilados. Até lá, os bombardeios continuam.