BRASÍLIA, DF E SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – As inscrições para a Segunda Edição do CNU (Concurso Nacional Unificado) começam nesta quarta-feira (2) e vão até o dia 20 de julho, anunciou a ministra Esther Dweck, do MGI (Ministério da Gestão e da Inovação), durante entrevista coletiva nesta segunda-feira.

A taxa para participar da seleção, que terá 3.652 vagas em 36 órgãos públicos, com salários iniciais de até R$ 16 mil, será de R$ 70, para cargos de nível superior e médio. As inscrições serão feitas pelo Gov.br, assim como na primeira edição. As provas vão ocorrer em 228 municípios.

Um dos destaques dessa edição é uma regra especial para que mulheres sejam pelo menos metade das classificadas para fazer a prova discursiva, em cada cargo e modalidade de cota. No CNU de 2024, elas foram 56% dos inscritos, mas apenas 37% dos aprovados na primeira classificação.

VEJA O CALENDÁRIO DO CNU DE 2025

– Inscrições: de 2 a 20/7/25 (pagamento até 21/7)

– Solicitação da isenção da taxa de inscrição: 2 a 8/7/25

– Prova objetiva: 5/10/25, das 13h às 18h

– Convocação para prova discursiva: 12/11/25

– Convocação – confirmação de cotas e PcD: 12/11/25

– Envio de títulos: 13 a 19/11/25

– Procedimentos de confirmação de cotas: 8/12 a 17/12/2025

– Prova discursiva para habilitados na 1ª fase: 7/12/25

– Previsão de divulgação da primeira lista de classificação: 30/01/2026

ENTENDA A REGRA PARA MULHERES NA SEGUNDA FASE

Para definir os candidatos que seguirão para a segunda fase (a prova discursiva), o governo vai calcular o equivalente a nove vezes o total de vagas de cada cargo. Essa conta será feita tanto para as vagas de ampla concorrência quanto para as de cotas.

Assim, se houver 20 vagas no total, serão chamados para a discursiva 180 candidatos no total (20 x 9). Desses 35% são destinados a cotas (117 para ampla concorrência e 63 para cotas).

Quando o percentual de mulheres convocadas para a segunda fase for menor do que 50% dos classificados em ampla concorrência, o governo vai chamar mais mulheres para que haja a mesma quantidade de homens e de mulheres na disputa da segunda etapa.

No exemplo acima, se entre os 117 da ampla concorrência houver 65 homens e 52 mulheres, outras 13 mulheres serão chamadas, totalizando 65 homens e 65 mulheres.

Isso não quer dizer que haverá uma cota de contratação de mulheres com o mínimo de 50% de mulheres. No final, o critério para a convocação dos aprovados será a classificação dos candidatos.

“[Existe] a tripla jornada. A média de idade de aprovados é entre 35 e 45 [anos], são pessoas que já estão inseridas no mercado de trabalho e já têm filhos. Se exigir das mulheres que elas dediquem estudo específico para a prova, vai haver desigualdade [em relação aos] homens”, afirmou Dweck.

“Tudo o que as mulheres querem é estar na agenda nacional, de equidade. Cada decisão tomada pela administração pública interfere nesse processo”, disse a ministra das Mulheres, Márcia Lopes, que também participou da coletiva.

COMO É CALCULADA A NOTA FINAL

A nota final do candidato será calculada a partir da soma do resultado na prova objetiva com a discursiva e, se for o caso, da prova de títulos. Nos cargos de nível superior, a prova objetiva terá 90 questões, sendo 30 de conhecimentos gerais e 60 de específicos.

Para os cargos de nível intermediário, serão 20 perguntas gerais e 48 de conhecimentos específicos. No caso das provas dissertativas, para os cargos de nível superior, serão aplicadas duas questões discursivas (na última edição do concurso, havia apenas uma). O candidato terá das 13h às 16h para fazer a prova. Já para os cargos de nível intermediário, será aplicada uma redação argumentativa, das 13h às 15h.

A prova objetiva será em 5 de outubro e a segunda, discursiva será aplicada no dia 7 de dezembro apenas para os aprovados na primeira.

CNU TERÁ EDITAL ÚNICO PARA TODOS OS BLOCOS

Esta edição terá um edital unificado, dividido em nove blocos temáticos. No ano passado, foram oito editais diferentes -sete para os postos de nível superior e um para os de ensino médio. No início de junho, a FGV (Fundação Getulio Vargas) foi escolhida como banca organizadora.

Segundo Dweck a retomada dos concursos públicos é parte da estratégia de reforma administrativa em curso desde janeiro de 2023.

Entre os órgãos autorizados estão o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), o HFA (Hospital das Forças Armadas) e os Comandos da Marinha, do Exército e da Aeronáutica. A maior parte das oportunidades será em Brasília (DF), mas também há vagas em cidades como Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP) e Belém (PA).

Ao todo, cerca de 43% das vagas serão para cidades fora do Distrito Federal.

VEJA A DIVISÃO DE BLOCOS DA SEGUNDA EDIÇÃO DO CNU

Nº do Bloco – Nome do Bloco Temático – Número de Vagas – Exemplos de áreas envolvidas

1 – Seguridade Social: Saúde, Assistência Social e Previdência – 789 – Saúde pública, assistência social, laboratórios

2 – Cultura e Educação – 130 – Ensino, patrimônio, políticas culturais

3 – Ciências, Dados e Tecnologia – 212 – Ciência de dados, inovação, estatísticas

4 – Engenharias e Arquitetura – 306 – Infraestrutura, mobilidade, obras públicas

5 – Administração – 1.171 – Gestão, orçamento, recursos humanos

6 – Desenvolvimento Socioeconômico – 286 – Indústria, comércio, desenvolvimento regional

7 – Justiça e Defesa – 250 – Segurança pública, justiça, direitos humanos

8 – Intermediário – Saúde – 168 – Apoio administrativo em saúde

9 – Intermediário – Regulação – 340 – Apoio técnico em áreas regulatórias

AUMENTO NAS COTAS PARA INDÍGENAS

O certame vai ter mudanças na política de cotas, com aumento na reserva de vagas de 20% para 30% e a inclusão de indígenas e quilombolas na ação afirmativa. A distribuição entres os cotistas será de 25% para pretos e pardos, 3% para indígenas e 2% para quilombolas. No ano passado, cotas para indígenas só existiam para cargos na Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas). Além disso, 5% das vagas serão destinadas a pessoas com deficiência.

O MGI divulgou quais cargos terão cotas nessa edição do CNU, para ampliar a ação afirmativa mesmo em casos sem reserva automática de vagas. Ao todo, serão 169 cargos com cotas dos 3.652 previstos.

PROVAS TERÃO CÓDIGO DE BARRAS

Para evitar os erros de aplicação registrados na última edição, todas as provas contarão com código de barras para identificação individual dos candidatos em cada página. Ainda assim, os participantes deverão escrever, de próprio punho, uma frase para o exame grafológico.

O primeiro CNU, ocorrido em agosto de 2024, foi o maior concurso público da história. Foram 2,1 milhões de inscritos, dos quais 970 mil fizeram a prova. Eles disputaram 6.640 vagas para 21 órgãos federais, com salários iniciais de até R$ 22,9 mil.

Nesta edição, a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e o Ministério da Justiça se uniram à comissão de governança do CNU, para aumentar a segurança das provas e da realização do concurso.

SELEÇÃO DE 2024 TEVE ADIAMENTO E DISPUTA NA JUSTIÇA

No ano passado, o certame, que estava marcado para maio de 2024, foi adiado devido às enchentes no Rio Grande do Sul. Para este ano, haverá aplicação extraordinária da prova caso alguma catástrofe climática afete pelo menos 0,5% dos candidatos, algo que não existia na primeira edição do CNU.

O concurso também teve falhas como a de candidatos do Recife (PE) que recebera m na parte da manhã os cadernos de prova que seriam aplicados à tarde.

Além disso, houve um erro na seleção para vagas de ATPS (analista técnico de políticas sociais). Na primeira versão do edital, o cargo não exigia prova de títulos -algo que contraria a lei da carreira. O erro foi corrigido, mas repercutiu entre os candidatos.

Até agora, cinco das nove carreiras aprovadas no primeiro certame já concluíram o curso de formação necessário para começar a trabalhar, incluindo analistas de comércio exterior e especialistas da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).

Na semana passada, o MGI deu início à semana de boas vindas para 370 servidores que passaram no CNU e vão assumir cargos da pasta. A convocação dos aprovados varia de acordo com o órgão.