SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O escritor amazonense Milton Hatoum se candidatou pela primeira vez a uma vaga na ABL nesta última semana, quando foram abertas as inscrições para a cadeira que pertenceu ao jornalista Cícero Sandroni.
Hatoum é autor de clássicos recentes da literatura brasileira, com destaque para sua trilogia informal ambientada em Manaus -sua estreia “Relato de um Certo Oriente”, de 1989, “Dois Irmãos”, de 2000, e “Cinzas do Norte”, de 2005. Os três foram destacados com o prêmio Jabuti.
O tradutor e professor de 72 anos também escreveu os romances “Órfãos do Eldorado” e “A Noite da Espera” e o livro de contos “A Cidade Ilhada”, todos pela Companhia das Letras, casa em que está desde a publicação de sua primeira obra de ficção.
Ele larga como favorito à cadeira de Sandroni, que morreu no último dia 17. Também estão inscritos à vaga os escritores Eduardo Baccarin-Costa e José Marques de Abreu. A eleição está marcada para o dia 14 de agosto.
Antes, uma votação no dia 10 de julho deve consagrar a mineira Ana Maria Gonçalves, autora de “Um Defeito de Cor”, como a primeira mulher negra a entrar na ABL. Ela conta com amplo apoio dentro da casa para ocupar a cadeira deixada pela morte do linguista Evanildo Bechara.
O quadro da Academia tem se renovado bastante nos últimos meses, levando em conta que há 40 cadeiras na instituição e a eleição a que concorre Hatoum será a quinta neste ano.
Em abril, a jornalista Míriam Leitão se tornou a 12ª mulher na história a entrar na Casa de Machado, substituindo o cineasta Cacá Diegues. No mês seguinte, o poeta e tradutor Paulo Henriques Britto foi eleito para a cadeira que era da crítica feminista Heloisa Teixeira e, apenas sete dias depois, o advogado José Roberto de Castro Neves entrou na vaga que era do também acadêmico de direito Marcos Vilaça.
Outras adições de relevo à Academia Brasileira de Letras, nos anos mais recentes, foram a da historiadora Lilia Schwarcz e do escritor indígena Ailton Krenak.