RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O Museu Nacional, no Rio de Janeiro, reabre ao público nesta quarta-feira (2) para uma exposição temporária sete anos após o incêndio de 2018, que destruiu peças históricas e boa parte da estrutura do prédio. Será a primeira reabertura desde o episódio causado por falhas no circuito elétrico.
A reabertura é parcial, e a exposição terá dois meses de duração. Três ambientes ficarão abertos ao público, incluindo o salão de entrada.
“Toda a população brasileira acompanhou o incêndio e tem sido um processo de restauração. Este é um espaço educacional, científico, que vai gerar oportunidade aos brasileiros e à população do Rio de Janeiro”, afirmou o ministro Camilo Santana (Educação), que visitou nesta segunda-feira (30) a exposição temporária.
As principais peças da exposição “Entre Gigantes” serão o meteorito Bendegó, o maior já encontrado no Brasil, com mais de cinco toneladas, que por sua natureza química sobreviveu ao incêndio, e o esqueleto de uma baleia cachalote, com 15,7 metros de comprimento, que vai ficar suspenso na nova claraboia do edifício.
O esqueleto da cachalote é parte do novo acervo que o museu tenta construir, com doações de entidades públicas e privadas.
“A gente tem recebido muitas peças, mas temos um limite de espaço para a guarda desse novo acervo. Tem muita coisa já prometida e retirada, mas não estamos com o acervo completo aqui”, afirmou Andrea Costa, vice-diretora do Museu Nacional.
O museu, fundado em 1818, abrigava 20 milhões de itens no acervo, incluindo coleções de insetos, botânica e arqueologia e antropologia.
O museu conseguiu restaurar parte do afresco “Dragão e Dois Golfinhos”, da coleção da imperatriz Tereza Cristina. Encontrada após o incêndio em 156 fragmentos, a peça foi para a Itália para um projeto de restauração de obras.
Fruto de longa disputa, o manto tupinambá, enviado em 2024 do museu da Dinamarca para o Brasil, está sob a guarda técnica do Museu Nacional, sem expectativa de exposição.
“Acreditamos que é aqui, pelo menos por ora, que ele deve ficar”, afirma Andrea Costa. “Está aqui acondicionado, bem guardado, porque ele é uma peça muito antiga, precisa de condições especiais, de temperatura, de unidade, de luminosidade para ser preservado.”
Responsável pela gestão do museu, a UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) calcula que falta captar ainda R$ 170 milhões dos R$ 500 milhões necessários para as obras. Companhias como Vale, Bradesco e Eletrobras financiaram parte das reconstrução, além do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e do Ministério da Educação, que afirma ter repassado R$ 50,6 milhões em 2023 e 2024.
A obra avançou sobre as fachadas e o telhado. “Estamos tentando preservar ao máximo o que era o início da sua criação”, disse Roberto Medronho, reitor da UFRJ.