SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A capital paulista registrou 179 casos de vandalismo contra ônibus desde o último dia 12, quando começou uma sequência de ataques aos coletivos na grande São Paulo.
Os dados foram passados pelas concessionárias à Secretaria Municipal de Transporte e e à SPTrans, estatal que gerencia o transporte público sobre rodas na cidade. A maior parte das ações envolve pedradas contra os veículos.
Em uma semana, do dia 22 e até a madrugada desta segunda-feira (30), foram 54 casos no município, de acordo com dados da prefeitura.
Outros 13 ataques ocorreram em municípios do ABC somente neste fim de semana.
Os ataques também chegaram à Baixada Santista. Somente em Santos, 11 ônibus acabaram vandalizados na madrugada de domingo (29)
Os coletivos foram atacados nas avenidas Nossa Senhora de Fátima, Francisco Manoel, Pinheiro Machado, Presidente Wilson e Vicente de Carvalho. Eles tiveram os vidros quebrados. Não houve vítimas e a frota segue funcionando normalmente.
Em um desses casos, na noite de sexta-feira (27), uma mulher de 31 anos ficou ferida por estilhaços do vidro quebrado por uma pedrada, que acertou o coletivo na avenida Washington Luis, no Campo Belo, zona sul da capital.
Segundo a polícia, guardas-civis municipais que atenderam a a ocorrência foram informados pelo motorista que a pedra foi lançada do lado direto próxima a porta.
A passageira acabou socorrida à UPA Vila Santa Catarina. Ele chegou a descer do veículo para tentar identificar o agressor, mas ele já havia fugido do local.
Uma câmera instalada no interior do veículo mostrou quando o coletivo foi atingido pela violência do ataque. A mulher estava no primeiro banco do lado direito do ônibus, mexendo no celular, quando o vidro estourou em cima dela. O smartphone acabou jogado para o meio do corredor. Desesperada, a passageira colocou a mão no rosto e começou a gritar. Ela continuou no lugar até o motorista parar o veículo.
Questionado em uma agenda na manhã desta segunda-feira sobre a série de ataques, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) disse que não se sabia o que tem motivado o vandalismo.
“Nesse momento eu ainda não tenho a conclusão desse trabalho da Polícia Civil [investigações], mas com certeza nos próximos dias ou nas próximas semanas a gente deve ter por parte da Polícia Civil a solução de autoria”, disse.
A situação fez com que a gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) colocasse o Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais) na linha de frente das apurações.
Alguns motoristas afirmam que as ações são resultados de desafios feitos em grupos de redes sociais, mas não há confirmação oficial de que essa seja a motivação.
No sábado (28), um homem de 27 anos foi preso pela Polícia Militar suspeito de atacar três ônibus em São Bernardo do Campo, no ABC paulista.
Segundo um dos motoristas, ele teria danificado com pedras e barra de ferro um ônibus na avenida Kennedy e outros dois na Senador Vergueiro. Os respectivos pontos de ônibus também foram alvo de depredação.
Em nota, a SPTrans disse que tem reforçado a orientação para que as concessionárias que operam a frota da cidade de São Paulo comuniquem imediatamente todos os casos à central de operações do transporte público e formalizem as ocorrências junto às autoridades policiais.
“A empresa é obrigada a encaminhar o veículo para manutenção, substituindo-o por outro da reserva técnica, que realizará a próxima viagem programada, garantindo a continuidade do serviço prestado aos passageiros”, diz a estatal. “Caso isso não ocorra, a empresa é penalizada pela viagem não realizada.”
Segundo os relatos, os apedrejamentos acontecem de forma repentina o autor ataca e logo se esconde. Há também casos em que o ataque é feito com o uso de bolinhas de gude.
O cenário atual fez com que o presidente em exercício do sindicato dos motoristas de São Paulo, Valdemir dos Santos Soares, encaminhasse um ofício para o secretário da Segurança Pública Guilherme Derrite, no qual pediu uma reunião presencial para tratar sobre o tema.