SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) iniciou no último dia 16 de junho um projeto-piloto de intimações judiciais por WhatsApp.
Por enquanto, o serviço está disponível na Vara Central da Violência Doméstica, nas Varas da Família da Lapa (por meio da Unidade de Processamento Judicial UPJ), nos Juizados Especiais Cíveis do Foro Regional de São Miguel Paulista e no Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejusc) de Itaquera, todos na capital, e na Comarca de São Carlos, no interior paulista.
O plano do tribunal é levar o sistema ao estado inteiro em um prazo de seis meses. “A ideia é que, com a anuência das partes, a intimação seja feita automaticamente dentro do processo eletrônico”, afirma o juiz Cristiano de Castro Jarreta Coelho, assessor de governança de sistemas da presidência. Nas duas primeiras semanas, 170 intimações foram enviadas pelo aplicativo.
A anuência é um dos fatores de segurança do sistema. Ou seja, só será intimado por WhatsApp quem autorizou a Justiça a fazê-lo. Além disso, todas as notificações são enviadas a partir de um mesmo número, (11) 4802-9448, com a marca de certificado.
“O usuário se sente mais seguro também porque a comunicação é unilateral, não pede para que ele envie qualquer nova informação de volta”, explica Jarreta. Assim, ele considera que o cidadão não tende a confundir as comunicações oficiais com tentativas de golpe.
Como o sinal de mensagem lida é desabilitado por muitos usuários, o Judiciário passa a considerar que a pessoa foi intimada se houver o sinal de que o celular recebeu a mensagem.
“É uma maneira de dar agilidade às notificações, que antes dependiam do deslocamento de um oficial de Justiça ou podiam demorar mais de um mês com o envio de uma carta e a confirmação de sua entrega”, diz o juiz.
Jarreta explica que os primeiros testes estão sendo feitos em juizados especiais cíveis e nos casos de violência doméstica e varas da família por serem casos em que, muitas vezes, o cidadão não é representado por um advogado. Assim, a comunicação é feita diretamente com a parte.
“Nos casos de violência doméstica e de família, a agilidade pode salvar vidas, com a comunicação de concessão, prorrogação e suspensão de medidas protetivas previstas na Lei Maria da Penha, por exemplo.”
Segundo ele, a intimação por WhatsApp é feita em parceria com a Meta, dentro de um contrato que o tribunal tem com a Microsoft, e não gera novos custos ao Judiciário. Jarreta explica que o processo é auditado, o que permite que o tribunal saiba quem acessou e quem enviou todas as intimações.