SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O empresário Adalberto Amarilio dos Santos Junior, 35, estava ansioso para participar do evento de motos no autódromo de Interlagos, na zona sul de São Paulo, na tarde de 30 de maio. Amante dos esportes de velocidade, era a primeira vez que ele teria a oportunidade de pilotar motocicletas em uma das pistas mais famosas do mundo. Até mandou um áudio para a esposa relatando a empolgação.

Junior e a farmacêutica Fernanda Dandalo, 34, já tinham ido ao autódromo outras vezes, mas para acompanhar a Fórmula 1 e corridas da Stock Car. “Ele amava motos. O sonho da vida dele era ir para o Atacama [no Chile] de moto. E fomos, em janeiro deste ano”, disse Fernanda. O casal estava junto havia oito anos.

O empresário foi a Interlagos na companhia de um amigo. Eles correram com motos potentes e depois assistiram a um show no local. A dupla se separou quando cada um foi buscar o seu veículo para ir embora. Sobre o que vem depois há muitas perguntas e poucas respostas.

“Um mês de angústia e sem resposta nenhuma. Um homicídio horrível, hoje só resta tristeza e dor aos familiares. Infelizmente, sem retorno do Estado e dos organizadores [do evento]”, disse Fernanda à Folha na tarde de sexta (27).

O corpo de Junior foi encontrado no dia 3 em um buraco em uma área de terra entre o autódromo e o kartódromo. Nada foi roubado. Carteira, dinheiro e cartões estavam com a vítima. O empresário foi encontrado sem calça e sem os calçados. Ele estava em pé, com um capacete colocado sobre a cabeça.

O laudo do Instituto Médico Legal apontou que Junior foi asfixiado, ou seja, houve um homicídio. Ele pode ter sido colocado no buraco ainda com vida.

A câmera que ele usava no capacete sumiu. Manchas de sangue foram encontradas no carro do empresário, localizado pela família na manhã seguinte ao sumiço em um estacionamento no autódromo. Um exame atestou que o sangue era de Junior, mas também havia material genético de uma mulher, até agora desconhecida –o sangue pode ser de data anterior ao crime.

A esposa diz acompanhar os desdobramentos da investigação. A Polícia Civil já ouviu diversas pessoas, e um dos laudos aguardados é do exame feito sob as unhas de Junior, que poderiam conter material genético de outra pessoa, resultado de uma briga, por exemplo. Por ora, câmeras de segurança não conseguiram jogar luz nas apurações.

A Prefeitura de São Paulo, que tem o programa de monitoramento e reconhecimento facial Smart Sampa, não tem câmeras em umas das áreas mais visitadas da cidade. Conforme a gestão Ricardo Nunes (MDB), os organizadores de eventos em Interlagos é que são os responsáveis pelas instalações a cada festa.

No caso de Junior uma das suspeitas é de que ele pode ter sido agredido por um ou mais dos cerca de 200 seguranças que atuaram naquele evento, que teria reunido 20 mil pessoas. Mas não se descarta que outros frequentadores ou funcionários possam ter envolvimento.

Em nota, a gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirma que as investigações do caso seguem pelo DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa). “Os laudos periciais estão sendo concluídos e serão analisados pela autoridade policial. Até o momento, não há pedidos de prisão referente ao caso.”