SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O parque Ibirapuera virou uma roda de samba quando Pretinho da Serrinha subiu ao palco do Festival Turá, na tarde deste sábado (28). A plateia era pequena em comparação ao de festivais como The Town e Lollapalooza.

No entanto, se o público não era grande, o mesmo não pode ser dito da sua empolgação diante de Pretinho e seus convidados, o rapper Criolo e a sambista Leci Brandão.

O show teve início com “Alguém me Avisou”, de Dona Ivone Lara. A música tem os célebres versos “Eu vim de lá / Eu vim de lá pequenininho”, uma referência à própria história de Pretinho, que veio do Morro da Serrinha, onde começou na música ainda criança.

Uma alusão a esse início foi feita antes de o artista subir ao palco, quando o telão exibiu uma entrevista que ele deu aos 12 anos. Durante a conversa, Pretinho disse, orgulhoso, que sabia tocar quase todos os instrumentos.

Essa experiência superlativa se fez sentir durante as duas horas de apresentação. O artista regia o público tal qual um maestro.

Entre um verso e outro, pedia para os presentes cantarem junto. Ao que as pessoas respondiam de pronto, entoando a plenos pulmões a letra de “Conselho “, de Almir Guineto.

O mesmo aconteceu quando o artista cantou “Sonho Meu” e “Acredita”, ambas de Dona Ivone Lara. O público tinha a letra desses clássicos na ponta da língua, cantando em coro os versos.

A resposta calorosa do público foi potencializada pelo carisma de Pretinho, que interegia o tempo todo com as pessoas. Em dado momento, chegou a elogiar a camisa de um dos fãs.

Em seguida, celebrou as as religiões de matriz africana por meio de “É D’Oxum”, canção que exalta a orixá das águas doces e da fertilidade. Já em “Minha Fé”, de Zeca Pagodinho, o artista prestou homenagem a Ogum, a entidade guerreira do candomblé e da umbanda.

O músico cantou também composições próprias, como “Reza pra Agradecer”, de 2017.

Logo depois, chamou ao palco Criolo, arrancando uma onda de gritos e aplausos da plateia. “Senhoras e senhores. Que felicidade. São Paulo, receba Pretinho da Serrinha com todo amor e carinho”, disse o músico, antes de cantar “Lá Vem Você”, do disco “Espiral de Ilusão”.

Em seguida, emendou com “Linha de Frente”, enquanto Pretinho acompanhava o artista tocando um pandeiro vermelho.

Assim que terminou de cantar, Criolo fez uma cobrança. “Quando o seu novo álbum vai sair?”, ao que o músico respondeu que o trabalho sairia ainda em 2025.

A cobrança não é sem motivo, afinal faz seis anos desde o lançamento de “Som de Madureira”, o seu último disco.

Foi Criolo também quem conduziu Leci Brandão do backstage até o centro do palco em meio a aplausos entusiasmados do público.

Após ser ovacionada, a artista cantou “Só Quero te Namorar” com a mesma limpidez vocal que a tornou uma das sambistas mais consagradas do Brasil.

Quando entoou “Zé do Caroço”, possivelmente a sua música mais conhecida, o público sambou de forma vigorosa e cantou o refrão quase aos gritos.

Delírio parecido aconteceu quando a sambista celebrou a democracia e pediu para que não houvesse anistia aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro.

A euforia das pessoas não tem a ver apenas com os clássicos que Leci enfilou, mas também com a animação da própria artista, que não demonstrou cansaço ao longo do show.

A participação no festival aconteceu cerca de dois meses após ela ter interrompido um outro show devido a uma queda de pressão.

Dessa vez, não houve contratempos. Após cerca de 15 minutos, a cantora devolveu o microfone a Pretinho e deixou o palco sob os mesmos aplausos entusiasmados com que começou a apresentação.

O Festival Turá acontece nestes sábado (28) e domingo (29) no Parque Ibirapuera. O grupo Só Pra Contrariar e Lenine ainda se apresentam ainda no primeiro dia. Raça Negra, Samuel Rosa, Gabriel O Pensador e Gloria Groove fazem shows no segundo.