SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Campeão peso-mosca desde 2023, Alexandre Pantoja caminha para a sua quarta defesa de título do UFC sendo o único brasileiro que ainda ostenta um cinturão. Ele chega para o evento de número 317 buscando uma dobradinha com Charles Oliveira e cobrando mudanças para que o MMA nacional recupere seu prestígio no cenário mundial.
“Eu acho que isso é um grande tapa na cara para gente também [fase atual]? Eu tive que sair do Brasil pra buscar uma melhoria, não só pra mim como pra minha família de vida também. O Brasil não é o pior país do mundo, mas também não é o melhor. A gente tem mazelas ainda gigantescas
Esse tapa na cara no Brasil que eu falo é porque é importante a gente ter essa força nacional. O Brasil é muito acostumado a ter campeões no UFC. A gente vem de um legado enorme, a gente criou esse negócio, a gente fez o jiu-jítsu virar brazilian jiu-jítsu. Então, a gente tem importância dentro do MMA, essa responsabilidade dentro da luta”, afirma Alexandre Pantoja à reportagem.
Pantoja apelou por mais apoio, tanto público quanto privado, às artes marciais no Brasil. “Mas é importante sempre salientar que a gente precisa da ajuda governamental no Brasil. Também a privada, sem sombra de dúvida, mas também o governo do Brasil olhar com mais carinho. Não só pra MMA, obviamente, mas é importante ter campeões para as futuras gerações, a gente tem que ter essa renovação”, ponderou.
“Eu acho que a gente tem que cobrar realmente do governo de todas as partes, independentemente do governo que for, não importa se é de direita ou esquerda. A gente sempre tem que cobrar o governo da melhoria porque sempre pode melhorar. A gente tem muito pouco ajuda dentro do Brasil também para chegar onde a gente quer chegar”, diz Pantoja.
O QUE ACONTECEU
Pantoja enfrenta neste sábado (28) o neozelandês Kai Kara-France para seguir com o cinturão dos moscas. Ele se sagrou campeão em julho de 2023 ao derrotar Brandon Moreno e, desde então, já fez três defesas bem-sucedidas derrotando Brandon Royval, Steve Erceg e Kai Asakura, em sequência.
O peso mosca faz a luta co-principal de um UFC numerado recheado de brasileiros e com outra disputando de título. Ao todo, oito atletas do Brasil sobem no octógono da T-Mobile Arena, com Charles Oliveira disputando o cinturão vago dos leves contra o invicto Ilia Topuria. Do Bronxs foi o detentor do título entre 2021 e 2022, quando acabou derrotado por Islam Makhachev e que deixou o posto vago recentemente ao subir de categoria.
Pantoja e Charles buscam afastar uma escrita negativa do esquadrão brasileiro no UFC em 2025. Até agora, todos os sete lutadores do país que encabeçaram eventos neste ano saíram derrotados: Durinho, Deiveson Figueiredo, Renan Prates, Diego Lopes, Alex Poatan, Gregory Rodrigues, Renato Moicano. Já Mackenzie Dern e Amanda Ribas abriram a temporada com duelo brasileiro.
O QUE MAIS PANTOJA DISSE
Isenção para academias de luta: “A gente tem três, quatro, cinco academias no Brasil de grande nome, de expoentes que demoraram muito a se firmar. Eu acho que ainda falta muito chegar nisso, muito incentivo. Aí a gente volta no incentivo do governo em isenção fiscal e várias coisas para se ter academia, assim como com igreja. Acho que poderia abrir até a mesma margem porque quem frequenta uma academia de jiu-jítsu, de muay thai, você sabe o quanto aquilo ali recupera pessoas. Recupera da droga, da depressão, de álcool. Uma academia socializa de tal forma que vale como uma igreja, como um psicólogo, é muito forte isso”.
Buscando seu legado: “Eu estou fazendo, dentro do que eu posso que é lutar, para mostrar pra todo mundo que há um campeão ali, que há um brasileiro que chegou no maior evento do mundo. Eu acho que esse legado que eu vou deixar. É o que eu posso fazer agora, mas tem pessoas na política que podem fazer muito mais, podem botar uma verba em projetos que realmente vão fazer valer a pena. Eu acho que isso não é um dinheiro jogado fora. Eu acho que esporte, educação, está alinhado à saúde e tudo mais, o esporte engloba tudo”.