SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Menos de uma semana após os Estados Unidos bombardearem instalações nucleares do Irã numa ação sem precedentes, o presidente Donald Trump afirmou nesta sexta-feira (27) que “sem dúvidas” ordenaria novos ataques ao país persa caso Teerã volte a enriquecer urânio no que chamou de níveis preocupantes.
O republicano também criticou o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, e afirmou ter desistido de planos para suspender sanções contra o país persa. As falas duras, com tom de ameaça, ocorreram após o primeiro pronunciamento do iraniano desde o cessar-fogo no conflito, que entrou em vigor na última terça-feira (24), no qual ele afirmou que Teerã “deu um tapa na cara dos EUA” ao lançar um ataque contra uma importante base americana no Qatar em resposta ao bombardeio americano do fim de semana.
Trump disse que, antes das declarações de Khamenei, estava trabalhando no plano para suspender sanções e ajudar na recuperação iraniana. No entanto, segundo ele, a retórica agressiva do líder do país o levou a abandonar completamente a iniciativa. “Recebo uma declaração de ódio, raiva e desprezo e imediatamente abandonei todo o trabalho sobre alívio das sanções. E muito mais”, afirmou o republicano.
Durante a entrevista coletiva na Casa Branca, Trump também foi questionado se cogita novos ataques a locais nucleares iranianos no futuro. “Com certeza, sem dúvida, absolutamente”, respondeu ele.
O presidente ainda manifestou apoio à inspeção por parte da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) dos locais atingidos na ação americana, apesar de parlamentares iranianos terem votado pela suspensão das visitas. O diretor da agência, Rafael Grossi, disse que retomar as inspeções é prioridade, mas o chanceler iraniano, Abbas Araqchi, indicou que Teerã pode rejeitar qualquer novo pedido.
Apesar do cenário de tensão, Trump afirmou que acredita que o Irã está exausto e não deseja mais buscar uma arma nuclear. Segundo ele, o país ainda quer discutir uma saída para a crise, embora, de acordo com a Casa Branca, nenhum encontro entre representantes dos dois países tinha sido marcado até esta sexta.
Nas redes sociais, Trump disse ter poupado a vida de Khamenei. Autoridades americanas disseram à agência de notícias Reuters em 15 de junho que o republicano vetou um plano israelense para matar o líder supremo. “Seu país foi dizimado e suas três instalações nucleares malignas foram destruídas. Eu sabia exatamente onde ele estava abrigado e não permiti que Israel ou as Forças Armadas dos EUA, de longe as maiores e mais poderosas do mundo, acabassem com sua vida”, escreveu o republicano na Truth Social. “Eu o salvei de uma morte muito feia e ignominiosa”, acrescentou ele, em letras maiúsculas.
A ofensiva americana contra o Irã atingiu três instalações nucleares iranianas, em Natanz, Isfahan e Fordow. A retaliação iraniana contra a base de Washington no Qatar, por sua vez, foi considerada coreografada já que nenhum dano foi relatado e Teerã avisou sobre a ação com antecedência.
Na quinta (26), o ministro da Defesa israelense, Israel Katz, afirmou que seu país teria matado Khamenei se assim tivesse sido possível durante os 12 dias de conflito entre as nações.
No mesmo dia, o embaixador do Irã no Brasil, Abdollah Nekounam, afirmou que o país persa continuará a enriquecer urânio, apesar dos ataques de EUA e de Israel ao programa nuclear de Teerã. “Nossas conquistas foram feitas enquanto países ocidentais e EUA nos proibiram. Portanto, não fazemos questão e não é importante para nós se eles proíbem. Seguimos firmemente nossos desejos e interesses”, disse.