SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Haddad tem um plano (ou seriam três?) para tentar reverter derrota no Congresso, STF aumenta a responsabilidade das big techs sobre o conteúdo publicado nelas e outros destaques do mercado nesta sexta-feira (27).

**HADDAD ABRE O JOGO**

Um dia depois da derrota no Congresso, Fernando Haddad disse ter um plano para reverter a derrubada do aumento do IOF. O ministro da Fazenda falou com o C-Level Entrevista, novo videocast da Folha de S.Paulo. Abaixo, destaco os pontos mais importantes.

CONGRESSO X PLANALTO

Haddad relatou ter ficado sem entender por que o Legislativo pautou e derrubou as medidas que aumentavam o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) de forma repentina.

O cerne da questão é os vetos que o presidente Lula deu aos jabutis que as casas legislativas querem aprovar na conta de luz, história que explicamos melhor aqui.

No jogo de poder em Brasília, insatisfeitos com os vetos presidenciais e as falas de governistas acerca deles, os deputados e senadores teriam decidido pautar a suspensão do aumento do IOF.

“O Congresso tem o direito constitucional de derrubar o veto. Agora, o governo não fez nenhuma campanha em relação ao Congresso sobre isso”, disse o ministro.

PLANO B

O principal plano do governo para aumentar a arrecadação falhou. O chefe da pasta econômica vê três saídas para fechar as contas: fazer novos cortes no Orçamento, achar outra fonte de receita ou levar a questão para o STF (Supremo Tribunal Federal).

Ele disse acreditar ter chegado “num baita de um acordo” para calibrar as alíquotas do imposto quando se reuniu com os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), na noite do dia 8.

“Saí de lá imaginando que estava tudo bem. Não só eu, todo mundo. Eu não sei o que mudou. Eu não consigo… O que mudou daquele domingo para hoje?”, declarou.

NÃO LIGA PARA O “TAXAD”

O ministro disse que não se importa com o apelido carinhoso que recebeu, juntando o sobrenome “Haddad” com “taxas”.

“Se a turma da Faria Lima está incomodada, tudo bem”, disse. “Nós estamos falando do morador de cobertura. Todo mundo fala: ‘Ah, o Haddad está aumentando o imposto’. De um rico que não paga imposto, estou. Eu não tenho problema com isso.”

**ACABOU A FARRA**

Para a (in)felicidade de figuras como Elon Musk e Mark Zuckerberg, que controlam o X e o Instagram, respectivamente, o STF aumentou a responsabilidade das plataformas de redes sociais sobre as publicações dos usuários –e se elas quebram leis ou não.

A corte aprovou a tese final do julgamento sobre o Marco Civil da Internet, por oito votos a três. O entendimento da maioria foi que o texto em vigor é insuficiente para proteger os direitos fundamentais em território online.

↳ Tanto Musk quanto Zuckerberg engrossaram o discurso nos últimos meses a favor de menos moderação das plataformas sobre o que as pessoas publicam nelas.

COMO ERA

As mudanças incidem principalmente sobre o artigo 19 do Marco Civil da Internet, em vigor desde 2014.

Ele determinava que a plataforma só devia indenizar usuários ofendidos por postagens de terceiros se descumprisse uma ordem judicial para remoção de conteúdo.

COMO FICOU

As empresas que operam as redes sociais serão responsáveis civilmente caso não removam de forma pró-ativa, antes de determinação judicial, uma nova lista de conteúdos, incluindo antidemocráticos, discriminatórios ou de incitação a crimes.

↳ A discussão sobre postagens de cunho antidemocrático ganhou tração desde as eleições presidenciais de 2022, quando Lula foi eleito para um terceiro mandato. Você confere o desenrolar dessa história nesta reportagem.

IMPORTANTE!

As companhias se livram das acusações se comprovarem que atuaram em tempo razoável para tornar o conteúdo indisponível.

NA CONTRAMÃO

As “big techs”, cada vez mais, apresentam um discurso contra a moderação em redes sociais.

Em janeiro deste ano, Mark Zuckerberg, CEO da Meta, anunciou o fim do programa de checagem de fatos criado em 2016 para conter a disseminação de desinformação nas redes sociais.

Após sofrer bloqueios no então Twitter (Idade Pré-Muskiana), Donald Trump criou uma rede social sem filtros para seus correligionários, a Truth Social.

**INFLUENCIANDO QUEM?**

É Virgínia para lá, Deolane para cá… nos últimos anos, parece que os influenciadores digitais tomaram o espaço que era das celebridades e das autoridades –o de definir o que merece sua atenção e seu tempo.

Contudo, os sinais de desgaste começam a aparecer. Criadores de conteúdo que lançaram e venderam produtos de beleza nos últimos anos nas redes sociais perderam espaço e as grandes marcas ganharam força.

Mas…25% do faturamento do setor provém de marcas totalmente digitais. Ou seja, mesmo que a fatia de mercado delas tenha encolhido, não dá para ignorá-las.

Os dados vêm de uma pesquisa da consultoria McKinsey, que você encontra aqui.

RECAPITULANDO

Nas duas últimas décadas, o mercado da beleza, nacional e global, teve um “boom” de entrantes, com influenciadores por trás das empresas.

Aqui no Brasil, quem acompanha o setor tem alguns nomes na ponta da língua, como Mari Maria, Bianca Andrade, Bruna Tavares, Vic Beauté, entre outros.

SIM, MAS…

Apenas 14% dessas novas marcas registraram faturamento anual maior que US$ 250 milhões (R$ 1,37 bilhão).

O percentual cai para 11% quando levadas em consideração as vendas anuais superiores a US$ 650 milhões (R$ 3,56 bilhões).

QUEM É A AUTORIDADE?

No mundo da beleza, o título parece oscilar. Há alguns anos, com a avalanche de influenciadores na internet, o método era “quem sabe faz ao vivo”. Aqueles que demonstrassem maior habilidade e maior conhecimento dos produtos, vestiam o capelo.

Mais recentemente, a busca por qualidade e originalidade no mercado de beleza tem levado o público a dar mais atenção a especialistas ou criadores de conteúdo com autoridade técnica em vez de celebridades.

NEM TUDO ESTÁ PERDIDO

Mesmo que os criadores online tenham perdido um pouco da influência que um dia tiveram, o meio digital impõe desafios que os varejistas tradicionais ainda não compreenderam totalmente.

Os blogueiros são mais ágeis, adaptáveis e rastreiam tendências com muito mais facilidade do que as empresas de grande porte. Ainda, dominam as audiências nichadas, onde a identificação com o público é rainha.

**PARA LER 📖**

“Waste Wars: The Wild Afterlife of Your Trash” (“Guerra do Desperdício: a Vida Póstuma Selvagem do Seu Lixo”)

Alexander Clapp. Little Brown and Company. Em inglês, sem tradução para o português. 400 páginas.

Para onde foi aquela sua calça capri que deixava os tornozelos à mostra e foi febre em 2005? E o teclado que você jurou que aprenderia a tocar aos 20 anos, mas acabou sem tempo para as aulas? Não se esqueça dos Labubus pendurados na sua bolsa! Para onde eles vão?

A dica de hoje é um livro que descreve a vida após a morte daquilo que jogamos fora. Não só mapeia o caminho do lixo, como também expõe a guerra de interesses em torno do lucro gerado por milhões de itens abandonados todos os dias.

Há um mercado à espera de que você se livre de tudo o que comprou para estar na moda –e que lucra com o desinteresse geral em desvendá-lo. É hora de descobri-lo.

**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**

Ardido até demais. A Colgate anunciou a interrupção da fabricação da pasta de dentes Clean Mint depois de mais de 1.200 queixas de reações alérgicas ao produto.

Tá difícil. Se você acha que comprar um imóvel no Brasil é complicado, experimente fazê-lo na Argentina. Lá, tem até sala secreta e maletas de dólares à moda antiga.

Manda mais. O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse que a autarquia ainda pede mais informações sobre o Banco Master para analisar a compra pelo BRB.

Aberto à concorrência. Apple vai abrir a App Store, onde disponibiliza aplicativos para aparelhos da marca, aos rivais na União Europeia.