SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A fabricante chinesa de carros elétricos e smartphones Xiaomi anunciou nesta quinta-feira (26) que seu novo SUV YU7 custará a partir de 253,5 mil iuanes (R$ 194,5 mil ou US$ 35,3 mil), quase 4% abaixo do Model Y da Tesla, intensificando o desafio da empresa americana no maior mercado automotivo do mundo.
O modelo básico do YU7 custa 10 mil iuanes a menos do que o preço inicial do Model Y da Tesla na China, enquanto os modelos mais completos YU7 Pro e YU7 Max saem por 279,9 mil iuanes e 329,9 mil iuanes, respectivamente.
O anúncio ocorre enquanto as ações da empresa fundada pelo bilionário Lei Jun estão próximas de atingir um novo recorde em Hong Kong após uma valorização de 64% neste ano. Agora avaliada em US$ 187 bilhões, a Xiaomi vale mais do que a líder chinesa de veículos elétricos BYD.
A Xiaomi começou a receber pedidos para os três modelos na noite desta quinta-feira (manhã no Brasil) e atingiu 200 mil pedidos em 3 minutos após o início das vendas. O Model Y da Tesla, que foi o SUV mais vendido da China em maio, custa a partir de 263,5 mil iuanes na China.
A novidade “não apenas dá à Xiaomi exposição comercial no crescente negócio de veículos elétricos na China, mas, mais importante, a sinergia”, disse June Lui, gestora de portfólio da Polen Capital, à Bloomberg News. “Globalmente, não há nenhuma empresa que possa conectar seu dispositivo móvel, seus eletrodomésticos e seu carro -e eles têm os três.”
A Xiaomi disse que fará parceria com a BYD, a GAC Toyota e a Zhengzhou Nissan para construir um ecossistema que conecte humanos, casas e carros.
Nos últimos 12 meses, as ações da Xiaomi mais que triplicaram de valor, superando seus rivais enquanto aproveita seu sucesso em smartphones para entrar no concorrido mercado de veículos elétricos da China.
O presidente-executivo e fundador da Xiaomi, Lei Jun, disse que quer que o YU7 compita com o Model Y e os analistas dizem que ele tem potencial para ser bem-sucedido.
“O YU7 servirá como um teste inicial para saber se a Xiaomi pode ampliar seu apelo para além dos early adopters para se tornar um participante sério no segmento de veículos elétricos para o mercado de massa”, disse Rosalie Chen, analista sênior da Third Bridge.
O YU7 tem uma autonomia de até 835 quilômetros por carga, em comparação com a autonomia de até 719 quilômetros do Model Y, que teve sua versão atualizada lançada em janeiro.
O YU7 é o segundo carro da Xiaomi desde que a empresa sediada em Pequim entrou no setor automobilístico no ano passado com seu sedã elétrico esportivo SU7, que foi inspirado no estilo da Porsche e tinha preço abaixo do Model 3 da Tesla. Desde dezembro, o SU7 tem superado o Model 3 da Tesla na China em uma base mensal.
A empresa sediada em Pequim espera entregar 350 mil carros neste ano, mais que o dobro do nível do ano passado, após a forte estreia do SU7. A Xiaomi planeja tornar sua divisão de veículos elétricos lucrativa no segundo semestre de 2025.
O lançamento desta quinta também ocorre em meio a um revés nos planos da empresa após um acidente fatal envolvendo seu carro elétrico principal em março. O acidente forçou a Xiaomi a cancelar a revelação do YU7 no salão do automóvel de Xangai em abril e estimulou os reguladores a apertar as regras em torno desses sistemas de condução autônoma.
Fundada em 2010, a Xiaomi lutou para se tornar um dos principais fornecedores de smartphones do mundo. Desde o início, a empresa era conhecida por seus produtos com boa relação custo-benefício e um marketing na internet que atraía consumidores jovens.
A Xiaomi precisava de um novo motor de crescimento à medida que seu negócio principal, de smartphones, amadurecia. A receita do segmento registrou declínio por dois anos durante uma desaceleração do mercado global até 2023.
Sua entrada no mercado de veículos elétricos em 2024 foi inicialmente recebida com apreensão pela indústria e investidores, pois competia com dezenas de outras empresas em meio a uma guerra de preços.