Anna Wintour anunciou sua saída do cargo de editora-chefe da Vogue dos Estados Unidos após quase 40 anos à frente da publicação. A decisão foi comunicada à equipe da revista na manhã da última quarta-feira (25) e confirmada oficialmente por veículos como WWD e Daily Front Row nesta quinta-feira (26). Apesar da mudança, Wintour continuará atuando como diretora global de conteúdo da Condé Nast e da Vogue internacional.
Reconhecida por transformar a Vogue americana em um dos veículos mais influentes da moda mundial, Wintour assumiu a liderança da revista em 1988, sucedendo Grace Mirabella. Sua estreia na direção editorial marcou uma mudança de estilo significativa: a primeira capa sob seu comando, em novembro daquele ano, trazia a modelo Michaela Bercu com um jeans e um suéter de alta-costura da Christian Lacroix, fotografada por Peter Lindbergh. A escolha representava uma nova proposta editorial, que unia sofisticação e acessibilidade de forma inovadora.
Ao longo das décadas, Wintour consolidou a Vogue como uma vitrine cultural, incorporando celebridades às capas, valorizando temas contemporâneos e misturando peças de luxo com itens do cotidiano. Sua influência também se estendeu além do impresso. Desde 1995, ela é responsável pela curadoria do Met Gala, evento beneficente do Costume Institute do Metropolitan Museum of Art, que se tornou um dos momentos mais importantes do calendário da moda e arrecadou, em sua última edição, mais de 15 milhões de dólares.
Nascida em Londres em 1949, Wintour iniciou sua carreira em publicações britânicas antes de se mudar para os Estados Unidos nos anos 1970. Trabalhou na Harper’s Bazaar e na New York Magazine, onde chamou atenção pelo olhar atento ao comportamento urbano. Sua trajetória e personalidade marcante — sempre com óculos escuros e corte de cabelo característico — também a tornaram referência na cultura pop, inspirando a personagem Miranda Priestly, interpretada por Meryl Streep no filme O Diabo Veste Prada (2006). Em 2022, ela voltou aos holofotes ao aparecer ao lado de Anne Hathaway, em uma recriação simbólica da obra durante um desfile de moda em Nova York.
Ainda não foi anunciado quem assumirá o posto de editor-chefe da Vogue americana. Até lá, Anna Wintour segue como uma das figuras mais influentes do jornalismo de moda e da indústria editorial global.