SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um dos bombardeiros furtivos ao radar B-2 que foi empregado no ataque americano ao Irã, no domingo passado (22), ficou para trás. Ele está preso no aeroporto internacional de Honolulu, no Havaí, esperando a solução para um problema técnico não conhecido.

O B-2 em questão é um dos aviões usados como isca para enganar os iranianos na complexa Operação Martelo da Meia-Noite, que atingiu duas centrais do programa nuclear de Teerã com superbombas destruidoras de bunkers e uma terceira com mísseis lançados de um submarino.

No sábado (21), ele levantou voou em 1 dos 2 grupos de bombardeiros que deixaram a base da frota, Whiteman, em Missouri (EUA), rumo ao Pacífico. Pelos dados disponíveis, eram oito aviões.

Deixando equipamentos de rastreio ligados, eles foram captados por sites de monitoramento de tráfego aéreo e rapidamente o voo virou notícia. Alguém na Força Aérea vazou para a mídia americana que eles iriam para Guam, no Pacífico, de onde poderiam migrar para a base de Diego Garcia, no Índico.

Só que, logo depois, um segundo grupo de B-2 voou, em sigilo total e fazendo jus à fama de “aviões invisíveis”, dada sua capacidade de enganar radares com sua aerodinâmica e cobertura peculiares, foi para leste, rumo ao Atlântico.

Eles realizaram os principais ataques, 18 horas depois, quando já era madrugada de domingo no Irã (início da noite no Brasil). Eram sete aeronaves, cada uma com duas bombas GBU-57, que só o B-2 consegue disparar.

A frota fantasma que voou para o Pacífico foi para Guam, com uma das aeronaves voltando a Whiteman no meio do caminho.

Já um dos aviões declarou uma emergência, segundo as palavras do controle de voo em Honolulu captadas por entusiastas desse tipo de coisa —o B-2, usando uma frequência UHF própria, não teve a fala de seus pilotos exposta.

Questionada por sites especializados, como o americano The War Zone, a Força Aérea não quis comentar aspectos operacionais da missão. A publicação virtual questiona o número do Pentágono de oito aviões usados como isca, sugerindo que podem ter sido apenas dois, apoiados por uma frota grande e visível ao radar de aviões-tanque que serviriam para mais aparelhos.

Ao todo, os EUA disseram ter empregado 125 aeronaves na missão, cujo resultado é incerto e objeto de debate. Em resumo, o governo Donald Trump diz que obliterou o programa nuclear do Irã, Israel diz que ele está prejudicado por anos e Teerã, que está tudo bem.

O B-2 em Honolulu impressionou passageiros de aviões civis no aeroporto, que viram a máquina de US$ 2 bilhões parada tomando sol numa pista auxiliar com apenas um carro de polícia a seu lado. O aeroporto internacional Daniel K. Inouye é conjugado à base áerea miltar de Hickman.

A manutenção do aparelho é um pesadelo, e o Havaí não tem os hangares climatizados necessários para sua estocagem por mais tempo: o emprego ao longo dos anos mostrou que a cobertura de material absorvente de ondas de radar não conversa bem nem com chuva, nem com altas temperaturas.

A depender do problema, o B-2 pode ficar exposto aos elementos por bastante tempo. Honolulu, literalmente no meio do caminho entre EUA e Ásia, já viu outros desses bombardeiros aterrissando por problemas técnicos, e a solução às vezes demorou semanas.

Dos 21 B-2 construídos, 2 foram perdidos em acidentes. Se a operação de sábado para domingo usou todos os aviões que sugeriu, foi um momento em que quase toda a frota esteve no ar ao mesmo tem;o, algo inédito.

O bombardeiro será substituído pelo mais moderno B-21, que está em fase de testes e já fez seu voo inaugural. É outra máquina caríssima, mas o Pentágono quer ganhar em escala e usá-lo para padronizar a frota estratégica americana no futuro com cem aviões —no lugar não só do B-2, mas do venerando B-52 e do supersônico B-1B