Diagnóstico precoce é essencial e pode começar em casa: veja os sinais de alerta para pais e responsáveis
Manter a glicemia sob controle é essencial para evitar complicações em crianças com diabetes tipo 1 e para reduzir custos significativos no sistema público de saúde. Mesmo com os avanços no tratamento da doença, muitos pacientes ainda enfrentam desafios no controle diário da glicose, o que pode levar a episódios graves, como a cetoacidose diabética. Ferramentas como o monitoramento contínuo, que permitem ajustes rápidos no tratamento, são fundamentais para melhorar a qualidade de vida e reduzir internações.
Segundo dados do Ministério da Saúde, entre 2019 e 2023, o Sistema Único de Saúde (SUS) gastou mais de R$ 200 milhões com internações relacionadas ao diabetes tipo 1 e tipo 2 apenas na faixa etária pediátrica (até 19 anos). A maioria desses custos está associada a complicações evitáveis, como a cetoacidose diabética — responsável por cerca de 70% das admissões hospitalares em crianças com diabetes tipo 1. Essas internações tendem a ser longas, complexas e, muitas vezes, exigem cuidados em unidades de terapia intensiva, o que onera ainda mais o sistema.
A endocrinopediatra Jéssica França, médica do Hospital Municipal de Aparecida de Goiânia – Iris Rezende Machado (HMAP), explica que a cetoacidose diabética é uma espécie de colapso químico do corpo que ocorre quando, por falta de insulina, a glicose não consegue entrar nas células para gerar energia. Como alternativa, o organismo passa a queimar gordura, produzindo corpos cetônicos, ácidos que funcionam como um lixo tóxico. “Quando se acumulam no sangue, as cetonas alteram o PH e podem comprometer funções vitais como a respiração e a consciência”, enfatiza.
Portanto, de acordo com a médica, é muito mais eficiente, do ponto de vista clínico e econômico, prevenir do que tratar as consequências do descontrole glicêmico. “As diretrizes internacionais mostram que o maior gasto com diabetes está relacionado ao tratamento de complicações que poderiam ser evitadas com um bom controle”, aponta. Nesse sentido, um possível aliado é o sensor de glicose, que mede a glicose automaticamente e continuamente. O dispositivo fornece não só a glicemia no momento, mas também uma curva que mostra se a glicose está subindo, estável ou caindo, ajudando a prevenir crises de hipoglicemia (glicose baixa) ou hiperglicemia (glicose alta).
Diagnóstico
Jéssica França explica que os sintomas do diabetes tipo 1 podem surgir de forma rápida, e os pais devem ficar atentos. Sinais como sede excessiva, urina em grande quantidade ou com frequência anormal, perda de peso sem causa aparente, fome intensa acompanhada de emagrecimento, cansaço incomum, sonolência ou irritabilidade, infecções frequentes (de pele ou urinárias), visão turva ou reclamações relacionadas à visão podem ser indícios da doença. “O diabetes tipo 1 em crianças pode evoluir rapidamente para um quadro grave se não for diagnosticado a tempo. Por isso, identificar esses sintomas precocemente é crucial para evitar internações e danos permanentes”, alerta.
Jéssica também aproveita para reforçar um alerta: o diabetes tipo 1 não está relacionado a maus hábitos alimentares ou obesidade. No entanto, alimentação saudável e atividade física são fundamentais para o bom controle da doença. “Mesmo que o tipo 1 não seja causado por excesso de açúcar ou sedentarismo, essas práticas impactam diretamente no controle da glicemia. Por isso, orientamos as famílias a fazerem escolhas alimentares mais equilibradas e a manterem as crianças fisicamente ativas, mesmo dentro de casa”, afirma.
Iniciativas pelo SUS – o sensor de glicemia é oferecido gratuitamente a crianças e adolescentes entre 4 e 14 anos por meio do programa Viver Mais Feliz, da Secretaria Municipal de Saúde de Aparecida de Goiânia. De acordo com a pasta, 125 pacientes atendidos no HMAP já utilizam essa tecnologia. O monitoramento contínuo elimina a necessidade de múltiplas picadas diárias de mensuração da glicemia e permite ajustes rápidos na medicação, com acompanhamento remoto por profissionais de saúde. A leitura do sensor é simples e indolor: basta aproximar o leitor da pele e a medida da glicose aparece na tela do aparelho.
Sobre o HMAP
O Hospital Municipal de Aparecida de Goiânia – Iris Rezende Machado (HMAP) foi inaugurado em dezembro de 2018 e é o maior hospital do Estado feito por uma prefeitura. Administrado pelo Einstein desde junho de 2022, foi construído numa área superior a 17 mil metros quadrados, onde atua com mais de 1.100 colaboradores para o atendimento de casos de alta complexidade, incluindo hemodinâmica e cirurgia bariátrica, além de várias especialidades cirúrgicas e diagnósticas. A estrutura contempla 10 salas de cirurgia e 235 leitos operacionais, sendo 10 de UTI pediátrica, 39 de UTI adulto, 31 de enfermaria pediátrica, e 155 leitos de clínica médica/cirúrgica.
Trata-se da primeira operação de hospital público feita pelo Einstein fora da cidade de São Paulo. Nos primeiros seis meses de gestão, as filas de UTI da unidade foram reduzidas consideravelmente e a capacidade de atendimento dos leitos, dobrada. Já as longas filas de espera para cirurgias eletivas foram diminuídas em menos de um ano, feito alcançado graças a iniciativas como mutirões cirúrgicos, que priorizaram demandas urgentes. Nos primeiros seis meses de gestão Einstein, o tempo de permanência dos pacientes no hospital também foi reduzido de 9,5 para 5 dias. Em relação à mortalidade, em junho de 2022 a taxa era de 15,33% e, seis meses depois, de 3,6%.
Entre janeiro de 2023 e julho de 2024, o HMAP realizou 90% de todos os procedimentos eletivos pelo SUS em Aparecida de Goiânia, levando a cidade ao título de município que mais realiza cirurgias não urgentes pelo SUS. Em 2025, prestes a completar três anos sob gestão Einstein, o hospital obteve a acreditação ONA nível 1, da Organização Nacional de Acreditação – um reconhecimento pela segurança e qualidade da assistência na unidade. No mesmo ano, a UTI do HMAP recebeu o Selo Top Performer 2025, concedido a hospitais que demonstram excelência no cuidado de pacientes em estado crítico.