WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta quinta-feira (26) que o material da instalação nuclear iraniana estava intacto no momento do ataque de Washington no fim de semana, divergindo da versão de Teerã, que afirma ter removido o urânio do local para protegê-lo dos bombardeios, e da própria agência de inteligência americana, cuja análise ainda é inconclusiva.
“Os carros e pequenos caminhões no local eram de trabalhadores de concreto tentando cobrir o topo dos poços. Nada foi retirado da instalação. Levaria muito tempo, seria muito perigoso, e é muito pesado e difícil de mover!”, escreveu o republicano na sua plataforma, a Truth Social, sem fornecer evidências.
De acordo com um relatório preliminar da Agência de Inteligência de Defesa dos EUA (DIA, na sigla em inglês) vazado para a imprensa no começo da semana, os ataques atrasaram o programa nuclear do Irã em apenas alguns meses e não eliminaram por completo as centrífugas nem as reservas de urânio enriquecido.
Além de contrariar o presidente, o resultado da análise é negativo para o republicano porque significaria um saldo pequeno às custas de um risco elevado, que foi o de entrar no conflito entre Israel e Irã.
Em uma entrevista coletiva para tentar minimizar o impacto da divulgação do relatório, o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, repetiu nesta quinta a declaração divulgada pela CIA (agência de inteligência americana) que as instalações nucleares do Irã foram “severamente danificadas”.
Hegseth passou a maior parte da entrevista fazendo críticas à imprensa que, para ele, deveria ter se concentrado em exaltar o feito de Trump. “Procurando escândalos, vocês perdem momentos históricos como o recrutamento no Pentágono, níveis históricos no Exército, na Força Aérea e na Marinha.”
Questionado, ele disse que “primeiros relatórios são sempre errados” e que urge à imprensa apurar a história toda e não só informações que sejam enviesadas. Afirmou ainda que o relatório da Agência de Inteligência de Defesa era de “baixa confiança”.
Hegseth também se esquivou de perguntas sobre se os EUA tinham certeza que o urânio iraniano estava nas três instalações atacadas. Teerã divulgou a versão de que o material havia sido transportado dos locais antes de eles serem atingidos.
“Não tenho conhecimento de qualquer relatório de inteligência de que urânio enriquecido tenha sido movido pelo Irã antes dos ataques”, limitou-se a dizer.
Ele afirmou que a inteligência americana continuará a monitorar os iranianos, ao responder à pergunta sobre fala do líder do Irã de que os EUA não destruíram seu programa nuclear. “O Irã terá de dizer muitas coisas agora para melhorar a imagem deles, mesmo internamente. Mas estamos observando de perto.”
O relatório confidencial revelado nesta terça-feira (24) apontava que o bombardeio teria apenas atrasado o programa em alguns meses. Trump havia dito que as instalações do Irã haviam sido completamente obliteradas.
Logo após a divulgação da notícia que pôs em xeque sua afirmação, Trump e aliados passaram a acusar jornalistas de fake news.
Nesta quinta, ao lado do general Dan Caine, Hegseth afirmou que os militares vão demorar um tempo para ter a dimensão exata dos estragos causados, mas que ele resolveu falar para desmentir o relatório reportado pela imprensa.
Ele citou a declaração do diretor da CIA, John Ratcliffe, desta quarta (25), como a que vale sobre o tamanho dos danos.
“A CIA pode confirmar que um conjunto de inteligência credível indica que o Programa Nuclear do Irã foi severamente danificado pelos recentes ataques direcionados”, disse o diretor da CIA, John Ratcliffe.
“Isso inclui novas informações (…) de que várias instalações nucleares iranianas importantes foram destruídas e teriam que ser reconstruídas ao longo de anos”, declarou.
Nesta quarta (24), uma reportagem do jornal The Washington Post afirmou que a Casa Branca planeja limitar o compartilhamento de informações confidenciais com o Congresso após o vazamento do relatório.