SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Há alguns anos, Ozempic, Wegovy e outros tratamentos injetáveis para diabetes e perda de peso têm dominado as redes sociais —e a vida real. O princípio ativo, a semaglutida, está presente também em versão oral, caso do medicamento Rybelsus, que é indicado para o tratamento de diabetes tipo 2, assim como Ozempic.

Os fármacos, produzidos e comercializados pela Novo Nordisk no Brasil, possuem diferentes dosagens, tanto que tratam doenças distintas. O Wegovy, que foi submetido recentemente pela Conitec a consulta pública para ser incorporado ao SUS, é destinado ao tratamento de obesidade e sobrepeso.

A endocrinologista Marcela Caselato, diretora médica da Novo Nordisk no Brasil, afirma que “as principais diferenças entre os medicamentos estão na indicação, na via de administração e na frequência de uso”.

“O Rybelsus é administrado por via oral e deve ser tomado diariamente. O Ozempic é aplicado por via subcutânea, uma vez por semana. Já o Wegovy, também com administração injetável, é semanal”.

O Rybelsus foi o primeiro medicamento oral análogo de GLP-1 —hormônio da família das incretinas que regula os níveis de açúcar no sangue— lançado no mercado e disponível no Brasil desde 2022.

“A semaglutida apresenta benefícios comprovados que vão além da perda de peso e do controle glicêmico: em todas as suas apresentações, inclusive na versão oral, promove uma redução de 14% no risco de morte por doenças cardiovasculares, infarto não fatal e AVC não fatal em pacientes com diabetes tipo 2”, acrescenta a endocrinologista.

Outra diferença entre as versões injetáveis e oral é a forma como o medicamento é absorvido pelo organismo. A formulação oral em comprimidos tem uma biodisponibilidade, quantidade do remédio que de fato chega ao sangue e faz efeito no corpo, ligeiramente inferior em comparação com a forma injetável.

“Quando você toma a semaglutida pela boca, o corpo absorve só uma pequena parte. Quando é injetada, vai direto para o corpo com pouca perda. Isso significa que a forma injetável é mais ‘aproveitada’ pelo organismo”, afirma o endocrinologista Fábio Trujilho, presidente da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica).

EFICÁCIA E EFEITOS COLATERAIS

Em geral, a via de administração afeta a eficácia da medicação, mas o médico afirma que, independentemente da forma, a semaglutida é eficaz no controle da glicemia, desde que tomada corretamente.

“Estudos mostram que, dose por dose, a injetável tende a ter um controle glicêmico ligeiramente superior. Isso se deve à maior biodisponibilidade e à absorção mais constante”, diz Trujilho. A forma oral exige cuidados específicos (jejum, pouca água para ingerir e sem deitar após tomar a medicação), o que pode interferir na absorção e, consequentemente, na eficácia.

O Ozempic mostrou maior eficácia na perda de peso, comparado à semaglutida oral, principalmente porque permite doses mais altas com maior absorção. Importante lembrar que a formulação oral está aprovada apenas para diabetes tipo 2, embora existam estudos em andamento para tratamento da obesidade, completa Trujilho.

Os efeitos colaterais das formas oral e injetável são semelhantes, uma vez que envolvem a mesma substância (semaglutida). Os mais comuns incluem náusea, vômito, diarreia, constipação e redução do apetite.

A via oral pode causar mais variação nos efeitos devido à absorção irregular; a injetável tem absorção mais estável e efeitos mais previsíveis, mas pode causar reações no local da aplicação (dor ou vermelhidão).