SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A inflação no Japão acelerou em maio para 3,7% em termos anuais, com um encarecimento especialmente acentuado do arroz, cujo preço dobrou em relação ao ano anterior, segundo dados oficiais publicados na semana passada.
A alta do custo de vida representa um desafio para o governante Partido Liberal Democrático do primeiro-ministro Shigeru Ishiba, que enfrenta eleições para a Câmara Alta no próximo mês.
Em maio, o ministro da Agricultura, Taku Eto, renunciou após dizer em uma festa de arrecadação que “nunca precisou comprar arroz” graças a doações de apoiadores. As falas irritaram os japoneses, abalados pela alta história do alimento que é uma das bases da culinária do país.
Ishiba, com sua taxa de popularidade mais baixa desde que chegou ao poder em outubro, prometeu dar 20 mil ienes (R$ 735) a cada cidadão para ajudar as famílias a enfrentar a inflação.
No caso do arroz, ingrediente básico da culinária japonesa, o preço subiu 101% em termos anuais, apesar de o governo ter começado a liberar em fevereiro suas reservas estratégicas deste produto. A renúncia de Eto foi a primeira do gabinete de Ishiba, formado em outubro.
O índice de preços ao consumidor em maio foi mais elevado do que o esperado e superou os 3,5% anuais registrados em abril devido ao encarecimento de muitos alimentos, eletricidade e gás. A taxa de maio também veio acima da média esperada pela Bloomberg, de 3,6%.
“A inflação do Japão é forte, puxada pelos alimentos. Os preços do arroz estão disparando e isso afeta outros itens relacionados”, disse Taro Saito, chefe de pesquisa econômica na NLI Research Institute, à Bloomberg News.
Apesar da pressão inflacionária, o banco central japonês decidiu na semana passada não aumentar as taxas de juros, uma medida normalmente usada para frear a inflação, mantendo-as em 0,5% ao ano. A inflação do país é a mais acelerada entre os países-membros do G7, e está acima da meta de 2% há mais de três anos.
No Brasil, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) na base anual atingiu 5,32% até maio, último dado disponível. Apesar da trégua recente, segue acima do teto de 4,5% da meta de inflação para este ano.