SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Sabe aquela alta do IOF? Caiu, em nova (talvez a maior) derrota do governo Lula no Congresso.
Também aqui: Zé Mineiro toca o sino em NY, malabarismos no câmbio e outros destaques do mercado nesta quinta-feira (26).
**AU REVOIR, IOF! 👋**
Durou pouco o sonho do governo de aumentar a arrecadação usando o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Depois de muito bate-boca, o Congresso deu uma rasteira no Planalto e pautou a derrubada do projeto rapidamente.
A Câmara dos Deputados e o Senado votaram ontem para sustar a medida que aumentaria algumas alíquotas, sobretudo aquelas sobre operações envolvendo o câmbio e certas aplicações.
383 deputados votaram para derrubar o projeto, e 98 para manter. No Senado, a aprovação foi simbólica, ou seja, sem a contagem de votos.
MARCO
Foi a primeira vez, desde o governo Collor, em 1992, que um decreto presidencial é derrubado por votação do Congresso.
PELAS COSTAS
Partidos que têm ministérios no governo Lula também se armaram contra a medida, incluindo o PSB (Partido Socialista Brasileiro), do vice-presidente, Geraldo Alckmin.
O governo não esperava que a votação da queda da decisão acontecesse agora. Fernando Haddad, ministro da Fazenda, tinha esperanças de conseguir novas conversas e um acordo. Foi pego de surpresa quando Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente da Câmara, anunciou a votação em publicação no X.
NÃO É O FIM
Se você já está cansado dessa história, sentimos em lhe dizer que ela, muito provavelmente, não termina aqui.
Antes da votação, o governo sinalizava com a possibilidade de judicializar o assunto. A situação pode ficar ainda mais cabeluda. A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, defende que a derrubada da medida não tem base jurídica.
O governo se preocupa em ter que cortar mais R$ 10 bilhões e bloquear mais R$ 2,7 bilhões em emendas parlamentares no Orçamento.
A decisão de levar o assunto ao STF não está definida. Existe uma preocupação sobre abalar demais as relações com as casas legislativas ao levar a coisa para o Judiciário.
**COMPRA-SE E VENDE-SE**
O Banco Central está fazendo malabarismos para tentar manter o câmbio sobre controle. Ontem, realizou operações de compra e venda de dólares, tudo ao mesmo tempo, em uma intervenção dupla.
Simultaneamente, a autoridade monetária vendeu US$ 1 bilhão (R$ 5,56 bilhões) no mercado à vista e negociou todos os 20 mil contratos em uma operação de swap cambial reverso, o que também equivale a US$ 1 bilhão (R$ 5,56 bilhões).
Vamos por partes.
GASTANDO
Ao fazer um leilão à vista, o BC retirou dólares direto das reservas internacionais dele.
As divisas do exterior guardadas pelo banco somaram US$ 341,5 bilhões (R$ 1,9 trilhão) em maio.
GANHANDO
Ele também fez swaps cambiais reversos que, na prática, significa comprar dólares com vencimento no futuro neste caso, em 1º de agosto.
É uma forma de aumentar a liquidez do mercado cambial lá na frente, sem impactar muito as negociações agora.
Operações semelhantes foram feita pelo BC em 2019, na gestão de Roberto Campos Neto. Na época, o movimento foi chamado pelo mercado financeiro de “casadão”.
ECONOMÊS
Agora vamos às explicações em termos complicadinhos. De acordo com especialistas, o alívio deve ser sentido no cupom cambial, ou seja, na taxa de juros em dólares na diferença entre o preço do dólar hoje e no futuro.
Ao vender moeda agora e comprá-la no futuro, ele pressiona o valor atual para baixo e o do futuro para cima, o que pode diminuir esse cupom.
HOMEOPATIA
É uma operação que também serve para mostrar serviço, no bom português. Apesar de não ter tanto efeito agora, é uma demonstração ao mercado de que a chefia está de olho e operante.
**SE NÃO PODE COM ELES, UNA-SE A ELES**
O que acontece quando um gigante engole o outro? Um economista poderia lhe dizer que isto prejudica a competitividade de um mercado e pode criar um monopólio. Mas e quando o setor envolvido na transação já não é um ás da diversidade? É pior ou melhor?
De acordo com informações obtidas pelo Wall Street Journal, duas das maiores petroleiras do mundo podem virar uma só, a Shell e a BP (British Petroleum).
Neste caso, a primeira incorporaria a segunda.
Considerando cuidadosamente…é como a BP está pensando no negócio, segundo o jornal americano.
MUITA GRANA ENVOLVIDA
A BP foi avaliada em quase US$ 80 bilhões (R$ 444 bilhões) nesta quarta, enquanto a Shell tinha uma capitalização de mercado de mais de US$ 208 bilhões (R$ 1,2 trilhão).
A notícia agradou a uns e desagradou a outros.
As ações americanas da BP subiram 6,5%, enquanto as da Shell caíram 3,3%, com a notícia.
Especulação de mercado…é como a Shell caracterizou a possibilidade do negócio, ao negar que as negociações estejam em andamento. A BP não quis comentar as informações.
Um possível termo está longe de ser alcançado, e as cláusulas de uma fusão caso esta vire realidade não estão nem perto de serem definidas.
MOMENTO TURBULENTO
A vida para as petroleiras não anda fácil. Se está complicado saber o que vai acontecer amanhã com o preço do petróleo, que dirá daqui há meses.
RECAPITULANDO
Antes do acirramento das tensões entre Israel e Irã, o preço do petróleo andava nas mínimas, com a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) determinando o aumento da produção pelos países que fazem parte do cartel.
Neste momento, empresas como a Petrobras temiam que o preço dos barris da commodity caísse demais e prejudicasse o faturamento e os planos de investimento para o ano.
Daí, veio a guerra, ou a piora dela. Ao temer o fechamento do Estreito de Hormuz, local crucial para a circulação do óleo, as cotações dos barris subiram. Depois caíram. E ontem, subiram de novo.
**EMPREGO SOBRANDO (?)**
Há lugares onde está sobrando trabalho e ninguém quer pegar. É mais ou menos isto o que está acontecendo na indústria dos Estados Unidos.
NINGUÉM QUER
Não é que os americanos não queiram trabalhar. Eles só não querem trabalhar nas fábricas. E isto pode ser uma pedra no sapato de Donald Trump, que grita aos quatro ventos que quer retomar a força que a atividade industrial dos EUA já teve.
Do que adianta levar as plantas fabris de volta ao país se não há funcionários para elas?
400 mil é o número aproximado de vagas que estão desocupadas no setor. À medida que os trabalhadores que ocupavam-as estão se aposentando, está cada vez mais complicado encontrar jovens que aceitem os postos.
A questão não é nova: há artigos citando projeções como esta desde 2017.
Contudo, antes, a maior parte dos estudiosos encarava o fluxo como algo esperado, uma vez que as cadeias industriais mais pesadas estavam saindo do país. Agora, com o desejo de retorno delas, a desocupação entra na lista de problemas.
“Passamos três gerações dizendo a todos que, se não fossem para a faculdade, seriam perdedores. Agora estamos pagando por isso. Ainda precisamos de pessoas que usem suas mãos, disse Ron Hetrick, economista da Lightcast.
“Para cada 20 vagas de emprego que temos, há um candidato qualificado agora”, disse David Gitlin, presidente e CEO da Carrier Global, que produz aparelhos de ar-condicionado e fornos.
NÃO SE AJUDA
O governo Trump dá um tiro no pé ao tentar levar a indústria para os EUA, e, ao mesmo tempo, executar uma deportação em massa de imigrantes em situação irregular no país.
O setor industrial é um dos que mais absorve essa mão-de-obra que, ao menos no papel, estará em menor quantidade no território americano.
CONSEGUE MEXER AQUI?
Em algumas fábricas, há um problema de capacitação. Enquanto em outros momentos da história era possível trazer jovens para a produção sem grandes preparos, hoje já existem máquinas que exigem conhecimentos maiores em tecnologia.
Ou seja, estão brigando com setores que remuneram melhor e exigem menos por funcionários de maior qualificação.
**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**
Briga dos direitos autorais continua. Desta vez, os escritores estão bravos. Alguns processam a Microsoft pelo uso de suas obras no treinamento da inteligência artificial.
Mem mais, nem menos. A Fitch manteve estável a nota de crédito do Brasil em BB e não mudou a perspectiva para a economia do país.
Febrabet…pode ser uma nova federação criada pelas bets, inspirada no modelo que os bancos usam para se unir e brigar por decisões a seu favor.
Redução de custos. Para diminuir os gastos, a Braskem cogita trazer gás dos EUA para o Brasil.