BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O Banco Central voltou a elevar para 2,1% a sua projeção de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil para este ano. Essa também era a expectativa divulgada pela autoridade monetária em dezembro, antes de revisar para baixo a sua estimativa. Em março, projetava um avanço de 1,9% para a economia brasileira em 2025.
O dado consta no relatório de política monetária divulgado pelo BC nesta quinta-feira (26). O documento, que substituiu o antigo relatório trimestral de inflação, continua sendo publicado trimestralmente.
De acordo com o BC, a revisão decorre de uma combinação de fatores. Cita, em primeiro lugar, as surpresas ocorridas no primeiro semestre, que resultam em um desempenho ligeiramente acima do esperado. Além disso, considera a melhora na perspectiva da produção agrícola, com impacto “modesto, mas positivo” no PIB.
“No início do segundo trimestre, o mercado de trabalho apresentou aquecimento mais intenso do que o antecipado, reforçando as perspectivas de resiliência do consumo das famílias”, acrescenta.
Menciona também que as recentes mudanças nas regras do crédito consignado para trabalhadores do setor privado podem ter “algum impacto” sobre o consumo e o PIB, ponderando que há ainda um elevado grau de incerteza nesse ponto.
A projeção do BC sobre a expansão da economia é mais pessimista do que o último dado divulgado pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A SPE (Secretaria de Política Econômica) do Ministério da Fazenda prevê um crescimento do PIB de 2,4% neste ano.
A estimativa também está abaixo das expectativas do mercado financeiro, que projeta um avanço de 2,21% em 2025, conforme o último boletim Focus. Em março, a estimativa dos agentes econômicos era de alta de 1,98% do PIB para este ano.
Apesar da revisão para cima do PIB, o BC diz que permanece a expectativa de desaceleração da atividade econômica ao longo do atual trimestre e do segundo semestre.
O esfriamento da economia está associado ao ciclo de alta de juros. Na última quarta (18), o Copom (Comitê de Política Monetária) decidiu, por unanimidade, elevar a taxa básica (Selic) em um ritmo menor, de 0,25 ponto percentual, subindo os juros a 15% ao ano o maior patamar desde julho de 2006.
No relatório, o BC alertou que a inflação seguirá acima do limite superior da meta nos próximos meses, começando a cair a partir do quarto trimestre, mas ainda permanecendo acima do alvo central.
De acordo com a projeção da autoridade monetária, a inflação acumulada em quatro trimestres cai para 4,9% no final do ano, 3,6% em 2026 e 3,2% no último período considerado, referente ao quarto trimestre de 2027. Na comparação com o relatório anterior, as projeções de inflação tiveram leve queda para este ano e para o próximo.
A meta é 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Isso significa que a meta é considerada cumprida se oscilar entre 1,5% (piso) e 4,5% (teto).
A autoridade monetária aponta 68% de probabilidade de o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) ultrapassar o limite superior da meta neste ano, em linha com o dado apresentado no relatório anterior, quando era de 70%. Para 2026, a probabilidade passou de 28% para 26%, enquanto a chance para 2027 é de 17%.
Isso, contudo, não reflete mais a probabilidade de descumprimento da meta de inflação. No modelo de avaliação contínua, o BC descumprirá o objetivo caso o IPCA se situe fora do intervalo de tolerância por seis meses consecutivos (em qualquer mês do ano).