Da Redação
A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) tornou-se alvo de representações no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados e no Ministério Público Federal (MPF), após denúncias de que dois profissionais de beleza nomeados em seu gabinete estariam exercendo funções pessoais como maquiadores. A acusação, feita por parlamentares da oposição, levanta suspeitas de improbidade administrativa, crime de responsabilidade e quebra de decoro parlamentar.
Os documentos foram protocolados nesta terça-feira (25) pelos deputados Paulo Bilynskyj (PL-SP) e Guto Zacarias (União-SP), com apoio do também oposicionista Tenente-Coronel Zucco (PL-RS). Segundo eles, os servidores Ronaldo Camargo Hass e Índy Montiel da Cunha Rocha, nomeados respectivamente em maio e junho deste ano como secretários parlamentares, atuariam, na prática, como maquiadores pessoais da parlamentar.
Os salários dos dois funcionários variam entre R$ 2,1 mil e R$ 9,6 mil mensais. A oposição alega que há indícios de desvio de função e uso indevido de recursos públicos, e solicita que o MPF abra inquérito para apurar os fatos, incluindo análise de frequência dos servidores, descrição de tarefas e cópias de documentos que comprovem a atuação deles em atividades legislativas.
Em nota, os autores da denúncia afirmam que “a máquina pública não pode ser transformada em um aparato privado” e pedem “responsabilização rigorosa” caso as suspeitas sejam confirmadas.
A deputada Erika Hilton nega qualquer irregularidade. Segundo ela, os dois servidores exercem funções técnicas no gabinete, atuando na produção de conteúdo, acompanhamento de comissões e atividades institucionais. Hilton afirma ainda que os serviços de maquiagem são prestados “fora do horário de expediente” e de maneira eventual.
“A acusação é absurda. Os servidores em questão desempenham suas funções de forma regular, e há registros que comprovam isso”, disse a deputada em suas redes sociais. Ela também classificou a denúncia como uma tentativa de perseguição política e transfobia.
O Conselho de Ética deve agora analisar a admissibilidade da representação, o que pode culminar na abertura de processo disciplinar. Já no âmbito do MPF, a Procuradoria deverá decidir se há elementos suficientes para instaurar um inquérito civil.
Até o momento, não há qualquer decisão sobre suspensão de servidores, bloqueio de salários ou abertura formal de investigação. O caso segue em fase inicial de apuração.